15 julho 2012

Troca luso-brasileira de galhardetes

Miguel Horta e Costa
Pelo do Brasil, a programação do Ano do Brasil em Portugal, com um orçamento de 2,5 milhões de euros, será lançada oficialmente, nesta terça-feira (17) no Rio de Janeiro, em solenidade marcada para o Consulado Geral de Portugal no Rio, e que contará com as presenças da Ministra brasileira da Cultura, Ana de Hollanda, do presidente da Funarte e comissário do Ano do Brasil em Portugal, Antonio Grassi, e ainda do comissário português para a iniciativa, Miguel Horta e Costa, além do cônsul geral, Nuno de Mello Bello.

Em Lisboa, a iniciativa já foi apresentada (sexta-feira, 13, no CCB), com o ministro Paulo Portas presente, além do embaixador brasileiro, Mário Vilalva, e dos comissários dos dois países.

Pelo lado português, foi criado um site oficial, neste momento apenas com palavras de apresentação de Miguel Horta e Costa e links para formulários disponíveis para interessados na participação.

Nessa apresentação, Miguel Horta e Costa refere que algumas instituições já começaram a preparar projetos e parcerias luso-brasileiras e lança “um convite aberto às instituições e agentes económicos, culturais, científicos e mediáticos, para que adiram e participem neste empreendimento”. Miguel Horta e Costa observa que vai privilegiar a internet como meio de informação e comunicação.

Sabe-se que na lista de parceiros, consta já a TAP, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação Champalimaud, a Caixa Geral de Depósitos, e a EDP.

Os marcos temporais da iniciativa são, para início, o próximo dia 7 de setembro (Dia da Independência do Brasil), e, para termo, o 10 de junho de 2013.

Curiosamente, no site oficial do MNE, o título escolhido para o resumo da intervenção de Paulo Portas no CCB, foi assim: PAULO PORTAS: ANO DE PORTUGAL NO BRASIL É UMA ALIANÇA ENTRE «CULTURA E ECONOMIA», com cultura e economia entre umas aspas que não se sabe se serão cultas ou económicas.

Purga do otimismo...

Foi retirado um "telegrama" das 13:02 sobre o otimismo dos brasileiros, chineses e turcos sobre o futuro das respetivas economias, seguindo-se de longe os norte-americanos e com os gregos na lanterna vermelha, numa pesquisa de uma instituição de Washington, feita em 21 países onde Portugal não consta. E isso foi retirado porque, ou pela simples citação do instituto de pesquisa ou pela reprodução do gráfico, choveram sobre este site uns cavalinhos de Tróia a galope... O remédio foi a purga.

14 julho 2012

DISPENSAs & PRIVILÉGIOs E nem sentem isso, o que admira

Muitos já perderam a cabeça por não terem vergonha na cara.
- Manuel DCCXXXVIII Paleólogo©

13 julho 2012

BARÓMETRO? Sobre Bissau e CPLP, até dia 18

REPRENTAÇÃO OU AUSÊNICIA? ? A questão que se coloca é a de quem deve representar a Guiné-Bissau na cimeira de Maputo ou se, desta vez, em função do diferendo interno sobre a legitimidade do poder (governo de facto? governo de iure?), o país deverá estar ausente da conferência de Chefes de Estado e de Governo. A consulta está online até dia 18, véspera da decisiva reunião do Conselho de Ministros da organização. Obrigado pela participação, basta um Enter...

Entretanto, quanto ao anterior barómetro a coincidir com balanços de um ano do atual governo, eis os reaultados quanto ao desempenho de Paulo Portas nas Necessidades:
38,46% - Sofrível
30,77% - Medíocre
16,41% - Muito mau
11,28% - Muito bom
  3,08% - Suficiente
Chamaram-nos a atenção, com toda a razão, que faltou a opção de Bom. Não foi intencional a exclusão mas quem assim votaria não deve ter ficado muito hesitante entre o Sofrível e o Muito bom, pelo que os resultados não se alterariam significativamente. Em todo o caso, as nossas desculpas.

CPLP, sim, disseram isso

Na verdade, o Conselho de Ministros da CPLP, em reunião extraordinária (11 de julho, Lisboa), ainda sob a presidêccia angolana da organização (Georges Chikoti), disse fundamentalmente isto:
  • que discutiu o processo de adesão da Guiné Equatorial e fará uma recomendação à IX Conferência de Chefes de Estado e de Governo. Nada adianta
  • que escutou uma informação do MNE de Moçambique e do Secretário-Executivo sobre os preparativos da cimeira de Maputo. E depois?
  • que relativamente à representação da Guiné-Bissau, os Ministros reafirmaram o princípio do reconhecimento das autoridades legítimas do país. A CEDEAO, melhor dito, a francofonia encantada
Na reunião, a Guiné-Bissau foi representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros deposto, Djaló Pires.

Todavia, Georges Chikoti atalhou que “fizemos uma discussão em função do resultado da última missão que foi para a Guiné-Bissau, há duas semanas” e que na sequência dessa missão, foi feito “um relatório do que foi encontrado e também foram feitas algumas recomendações. O que quer dizer que a cimeira vai trabalhar sobre este relatório e vai decidir”.

Nada quanto aos pontos fulcrais, muito sobre pontos focais

Daqui a uma semana (dia 20) aí temos a IX Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Maputo. Nada se sabe sobre a questão da presença da Guiné-Bissau, se vai alguém ou quem vai - Presidente e primeiro-ministro em funções mas que alguns membros da organização não reconhecem, designadamente Portugal? Presidente e primeiro-ministro depostos? A diplomacia moçambicana a quem compete organizar a reunião nada diz com voz própria, Angola antecipou-se com uma reunião ministerial extraordinária da CPLP ainda sob a sua presidência nos sentido de levar a Maputo os dirigentes depostos mas com contradições. Lisboa remete-se  para posições de princípio coerentes com posições anteriores. O Brasil parece assistir. E sobre a polémica candidatura da Guiné Equatorial, apoiada por Angola mas que recebe reservas de outros Estados membros? Oposição ou relutância de uns, apoio de outros, reserva dos restantes que são poucos porque todos são poucos..

Apenas se sabe que o tema da cimeira é “A CPLP e os Desafios de Segurança Alimentar e Nutricional “, e que, a preceder a reunião, há outras reuniões estatutárias: XXIV Reunião dos Pontos Focais de Cooperação, já a 13 e 14 (para a qual Moçambique já convidou as autoridades de facto de Bissau...); outra reunião, a 15, sobre actividades culturais para assinalar os 16 anos da CPLP; uma reunião, dia 16, do Grupo Técnico de preparação da 155.ª sessão do Comité de Concertação Permanente marcada para 17; ainda um Seminário Empresarial, dia 18, e depois o fundamental, a XVII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, a 19, a anteceder a cimeira do dia 20.

DISPENSAs & PRIVILÉGIOs Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência


O pior de uma diplomacia é a falta de assunto.
- Manuel DCCXXXVII Paleólogo©

12 julho 2012

Mais Álbum, e quanto a outras páginas...

Deram entrada no ÁLBUM, clicar no botão da barra superior s.f.f., mais cinco caras e um vídeo: os embaixadores Luís Filipe Castro Mendes (Conselho da Europa/Estrasburgo), Francisco Ribeiro Telles (Brasília), Manuel Marcelo Curto (Estocolmo), Fernando Gouveia Araújo (Doha) e António Luis Cotrim (Adis Abeba), e quanto ao vídeo, um nutrido grupo de chefes de missões portuguesas por ocasião dos cumprimentos de Ano Novo ao Chefe de Estado. Neste vídeo bem se pode ouvir a gafe do ministro Paulo Portas ao formular votos a Cavaco Silva "em nome do Corpo Diplomático"... Quereria ter dito Carreira Diplomática ou o Corpo Diplomático não seja o conjunto dos embaixadores estrangeiros acreditados em Lisboa cuja presença em Belém é outra cena e tem decano.
Relativamente a outras páginas das NV cujos botões constam na barra superior, estão a ser reformuladas e repensadas, designadamente JORNAIS, PARLAMENTO e CLAUSTROS.

Para mais tarde recordar

Lá estão no ÁLBUM entregas de credenciais, condecorações e audiências em Belém com embaixadores que partem. Não estão todos os que recentemente cumpriram essa estafeta protocolar mas já vão estando alguns: Luís Faro Ramos (Pretória), António Quinteiro Nobre (Seul), Manuel Lobo Antunes (Roma), Paula Silva Cepeda (São Tomé), Jorge Cabral (Ankara), Miguel Almeida e Sousa (Telavive), Domingos Fezas Vital (REPER), Joaquim Ferreira Marques. (Atenas), Luís de Almeida Sampaio (Berlim), José de Bouza Serrano (Haia), Bernardo Futscher Pereira (Dublin) e Francisco Xavier Esteves (Rabat). Há mais.

Dirigentes sindicais vão ao Brasil

Dirigentes do STCDE visitam os postos consulares mais relevantes de Portugal no Brasil a partir do dia 28, e designadamente em São Paulo e no Rio de Janeiro terão reuniões com o pessoal dos postos para avaliação da situação laboral e da revisão do Estatuto Profissional que tem vindo a ser discutida com o Governo. A delegação sindical é encabeçada pelo secretário-geral adjunto do STCDE, Alexandre Vieira, integrando as dirigentes locais Helena Martins (São Paulo) e Francisca Fialho (Rio de Janeiro).

Diplomata no CES

Letras Oficiais. Designado como representante efetivo do Governo no Conselho Económico e Socail (CES) Gonçalo Soares Silvestre, adjunto do ministro Miguel Relvas.
Currículo, como mandam as regras
  • 35 anos, licenciado em Ciências da Comunicação, variante de Jornalismo, pela Universidade Autónoma (1995-1999); pós -graduado em Marketing e Comunicação, pelo IADE (2001-2002).
  • Jornalista (2000-2001)
  • Consultor em agências de comunicação (2002-2006)
  • Na Carreira Diplomática (dezembro de 2005)
  • Adido de embaixada (janeiro de 2007)
  • 3.º secretário de embaixada (abril de 2009)
  • Adjunto do Secretário-Geral do MNE (novembro de 2010)
  • Adjunto de Miguel Relvas (julho de 2011)
  • 2.º secretário de embaixada (abril de 2012)

Estado da Inação

No debate parlamantar do Estado da Nação, o ministro Paulo Portas nada disse de substantivo e mesmo de adjetivo sobre os temas da área de seus domínios. Cumpriu apenas a sua quota-parte política na coligação, ou o serviço mínimo como alter-ego do primeiro-ministro e par do reino das finanças. Política externa portuguesa, ao largo; participação na cena internacional, ao largo; posições portuguesas sobre assuntos cruciais do mundo, ao largo; cooperação, ao largo; diplomacias cultural e económica, ao largo; situação de embaixadas e consulados, ao largo. Mas falou, com ênfase, da credibilidade internacional do país que, segundo parece é a única e constante referência de internacional, o que não deixa de ser característica de um Estado da Inação.

Entrega de credenciais

Para o álbum. O Presidente da República recebeu, em audiência, o Embaixador António Ricoca Freire para entrega de cartas credenciais como representante de Portugal em Pretória.

DISPENSAs & PRIVILÉGIOs Sabedoria chinesa, faz de conta

Onde se comprova que o poder corrompe, o poder diplomático corrompe diplomaticamente.
- Manuel DCCXXXVI Paleólogo©

11 julho 2012

O mundo ao contrário

No Palácio de Mangualde há uma sala famosa, a Sala do Mundo ao Contrário. Nos painéis dessa sala, vê-se um peixe a pescar o pescador, um cavalo a cavalgar o cavaleiro, o homem a puxar a carroça com o burro a conduzir, o sol e a lua nas águas do mar com os peixes lá em cima, etc... Essa fábula chega ao MNE - em vez de serem os especialistas de comércio internacional das empresas a estagiarem no MNE, serão os diplomatas a estagiarem nas empresas.

Água em vinho? Ninguém acredita e esse produto não é aceitável

Respondendo a VEXA: a orientação definida pelo atual governo, no seu quadro de coligagção, foi a de desenvolver uma "fortíssima diplomacia económica". Isso foi dito desde a primeira hora de acerto de agulhas, consta no programa, foi dito e repetido pelos responsáveis diretos pela política externa. Não se põe em causa a legitimidade da orientação e, até certo ponto, da sua justeza. Onde começam as dúvidas e porque se avolumam as preocupações? Precisamente quando se deixa sugerida no terreno a transformação do Ministério dos Negócios Estrangeiros em mero Ministério do Comércio Externo. A decapitação da dimensão política da ação e da atividade diplomática, a transubstanciação das embaixadas em centros de negócios como milagre equivalente ao de transformar água em vinho, os refrões usados quase obsessivamente na oratória do ministro, o sumo espremido das viagens oficiais (de relâmpago ou de cruzada), a omissão ostensiva de dossiers político-diplomáticos e de política internacional alguns de crucial importância para a afirmação de Portugal, a fuga da Europa, dos centros de co-decisão da Europa e dos centros de preparo das decisões da Europa, o escape a tomadas de posição relativamente a assuntos que todos os países democráticos não podem pela sua natureza enjeitar porque não se pode fazer acordo ao mesmo tempo com Deus e com o diabo, por aí fora, por aí adiante havendo mais, tudo isso naturalmente que se compreende e até é tático que assim seja num Ministério do Comércio Externo. Mas num Ministério dos Negócios Estrangeiros, não, ainda que, em última análise, se pense que essa é uma deriva sagaz para garantir a sobrevivência política interna dos atores numa coligação a fim de continuarem disponíveis para uma outra qualquer coligação seguinte, na previsão de cenários.

A alguns comentários que de boa fonte nos chegaram, por ora respondemos assim.

Onze anos nas gavetas!

Reza o decreto que “Considerando as relações de amizade existentes entre a República Portuguesa e a República Argentina, foi assinado pelos dois Estados, em Lisboa, a 16 de novembro de 2001, um acordo para que os familiares dependentes dos funcionários diplomáticos, consulares, dministrativos, técnicos e de apoio das missões diplomáticas e consulares portuguesas e argentinas possam efetuar trabalhos remunerados em regime de reciprocidade…” Pois acordo tão simples apenas agora é aprovado agora pelo governo, onze anos depois. É o preço da amizade recíproca, melhor dito, unilateral..

DISPENSAs & PRIVILÉGIOs Não vai longe


Artimanha é diplomacia a sós.

- Manuel DCCXXXV Paleólogo©

10 julho 2012

Nomeações e currículos, assim por exemplo…

Como se fossem esses os problemas e as soluções de um gabinete de Negócios Estrangeiros e da Cooperação, notemos como lá chega um ambientalista e mais uma repórter.

É certo que, por força da lei, a folha oficial publica os currículos dos nomeados para funções públicas superiores. À exceção de um ou outro caso de folhetim mediático, a rotina passa despercebida e a publicação acaba por ser mera formalidade. Mas não é, servindo para, no escrutínio público, poder-se aferir se o perfil se adequa às funções dos nomeados e para que funções exatas são nomeados.

Vem agora à luz do dia que o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Brites Pereira, nomeou adjunto do seu gabinete José Luís Fernandes da Cunha que, até à data dessa nomeação, era técnico especialista do mesmo gabinete, abrindo lugar para a nomeação de, no caso, nova técnica especialista “na área da comunicação”, Alexandra Abreu Loureiro.

Não é necessário chegar-se a um cansaço cerebral para se perceber o que um adjunto e um técnico especialista de negócios estrangeiros e de cooperação tenham que possuir quanto a habilitações académicas e a experiência profissional, sobretudo experiência adequada e conforme.

No primeiro caso, temos fundamentalmente um urbanista, um técnico de ambiente e de ordenamento do território nos Negócios Estrangeiros e na Cooperação, precisando-se disso, está claro, mas nos serviços do IPAD.
No segundo caso, teremos mais um porta-voz a juntar a outros porta-vozes e “fontes diplomáticas” do MNE quando disso e com experiência diplomática se precisaria, se é que não há, está também claro, nos Serviços de Imprensa do MNE.

Assim, por exemplo, avaliemos os dois retratos:

Quanto a José Luís Fernandes da Cunha

Habilitações
  • Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
  • Pós-graduação em Direito do Ordenamento do Território do Urbanismo e do Ambiente pelo EDOUA/Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Experiência profissional
  • Assessor jurídico no Gabinete do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (2011);
  • Assessor jurídico no Gabinete da Secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades (2010 -2011)
  • Assessor do Provedor de Justiça (2001 -2010)
  • Advogado (1996 -2001).
Outras atividades e habilitações apresentadas
  • Atividade docente em cursos de mestrado e formação avançada, na área do direito do urbanismo
  • Conceção e monitorização de ações de formação profissional nas áreas do direito administrativo geral, direito do urbanismo e direito da contratação pública
  • Intervenção como orador convidado em conferências especializadas (?)
  • Publicação de estudos e trabalhos nas áreas do direito do urbanismo e do direito do ambiente
  • Colaboração em atividades de organizações não-governamentais de ambiente e de divulgação científica na área do direito do urbanismo e da construção
  • Formação profissional contínua nas áreas da sua atividade (?)
  • Formação em mediação de conflitos e arbitragem (DGAJ)
Quanto a Alexandra Abreu Loureiro

Habilitações académicas:
  • Licenciatura em Economia Internacional pela European Business School
Experiência profissional:
  • Assessora de comunicação da Universidade Nova de Lisboa (2009 -2012)
  • Assessora de Imprensa do Ministro da Defesa Nacional (2006 -2009)
  • Jornalista e Apresentadora na BBC World Service Londres (2003 -2006)
  • SIC Noticias (2001 -2003)
  • SIC (1997-2000)
  • CNN Londres (1997)
  • International Herald Tribune, Paris (1995 -1996)
  • O Independente (1996 -2003)
Outras atividades e habilitações dadas como relevantes
  • Curso de Gestão Civil de Crises, IDN (2012)
  • Curso de Auditores da Defesa Nacional, IDN (2010 -2011)
  • Medalha de Mérito da Defesa Nacional (2009) – Atividade? Habilitação?
  • Selecionada para o International Visitors Programme (EUA) e para o German Marshall Fund Exchange Programme - Atividade? Habilitação?
  • Fluente em Português, Inglês, Francês e Espanhol e, sic, working knowledge em Italiano & Alemã - Sobretudo o & é relevante

Portugal sai dos helicópteros da NATO

Ministro da Defesa mandatado para negociar a denúncia de participação no programad e conceção de um helicóptero e aquisição de 10 aparelhos de transporte tático. MNE à parte.

Tal como se lê
O nosso país participa, desde 2001, na NATO Helicopter Management Organization (NAHEMO), tendo em vista, por um lado, a conceção, desenvolvimento, produção, aquisição e apoio logístico, ao longo do ciclo de vida, de um helicóptero médio e, por outro, a aquisição de 10 helicópteros de transporte tático (TTH). A adesão de Portugal ao programa decorrente da participação na NAHEMO, designado por Programa NH90, que se baseou em requisitos e necessidades operacionais definidos pelo Exército Português e na cooperação industrial que então se perspetivava, sofreu entretanto diversas vicissitudes, que tornam imperiosa a supressão da contribuição nacional para aquele Programa. Na verdade, um recente estudo económico veio revelar que a manutenção da participação no Programa NH90 conduziria a uma necessidade financeira adicional muito significativa, que o País não se encontra em condições de satisfazer, de que são exemplo os custos superiores a 420 milhões de euros inerentes ao cumprimento dos compromissos assumidos até ao ano de 2020. Na atual conjuntura, o Governo entende ser crucial manter um forte empenho na gestão de todos os recursos, no âmbito das exigências que a sociedade portuguesa enfrenta em matéria de consolidação orçamental, desiderato que desempenha um papel central na recuperação económica e financeira do País. Acresce que, num contexto de escassez de meios financeiros, os custos de participação assumiram uma dimensão incomportável, embora imprevisível aquando da adesão de Portugal ao Programa NH90, uma vez que este se encontrava ainda numa fase incipiente de desenvolvimento. As referidas alterações de circunstâncias, imprevisíveis e supervenientes à adesão de Portugal ao Programa NH90, revelam -se atualmente incompatíveis com o interesse público e justificam a denúncia da participação do nosso país na NAHEMO e naquele Programa. No entanto, o elevado nível de assunção de compromissos que derivaram para Portugal da assinatura dos mais diversos documentos, como são o estatuto jurídico da NAHEMO, os Memorandos de Entendimento e os contratos associados, a que se juntam muitos outros instrumentos de concretização da cooperação internacional instituída neste domínio, recomendam uma atenta e exigente negociação da mencionada denúncia por parte do Estado Português com a agência que representa os países participantes no Programa NH90, tendo em vista a minimização das suas consequências. É ainda de referir que a supressão da contribuição pública nacional, associada à denúncia do Programa NH90, na perspetiva da melhor gestão das dotações previstas na LPM, contribui também para o esforço de consolidação orçamental neste domínio.
E então o Conselho de Ministros resolveu:
  • Mandatar o Ministro da Defesa Nacional para definir e negociar os termos da denúncia da participação de Portugal na NATO Helicopter Management Organization (NAHEMO) e no correspondente Programa NH90, junto da NAHEMA, agência que representa os países participantes naquele Programa.
  • Cometer ao Ministério da Defesa Nacional a elaboração de propostas de medidas legislativas e regulamentares necessárias à reafetação das verbas previstas para o Programa NH90 na Lei de Programação Militar (Lei Orgânica n.º 4/2006, de 29 de agosto), as quais devem ter em conta, designadamente, os montantes das eventuais compensações e ou indemnizações a suportar pelo Estado Português.
  • Determinar à Direção-Geral de Armamento e Infraestruturas de Defesa (DGAIED) a apresentação, no prazo de 60 dias a contar da data de entrada em vigor da presente resolução, de um relatório inicial das atividades desenvolvidas e dos resultados obtidos na implementação do disposto na presente resolução.
  • Cometer à DGAIED a elaboração de um relatório final, no prazo de 180 dias a contar da data da entrega do relatório previsto no número anterior.

Letras oficiais, portanto…

Normal
  • ... designada, em regime de comissão de serviço, de diretora de serviços das Organizações Políticas Internacionais (DGPE), a conselheira de embaixada Manuela Teixeira Pinto
  • ... renovada a licença especial para funções transitórias em Macau, a Ilda Sousa Ferreira, técnica superior do MNE
  • ... por conveniência de serviço, prorrogado o prazo de permanência em posto (Ottawa) até 25 de setembro, do conselheiro de embaixada João Sabido Costa
Pouco normal
  • ... exonerado a seu pedido, com efeitos a partir de 1 de junho, do intendente da PSP, Pedro Gouveia, que Há um ano apenas (25 de junho) fora nomeado oficial de ligação do Ministério da Administração Interna junto da Embaixada em Díli, Timor -Leste

Embaixadores

Devia-se ter dado conta disto ontem, mas aqui fica o registo de decretos presidenciais:

  • António Botelho de Sousa, residente em Riade, nomeado Embaixador não residente no Bahrein e no Iémen
  • António Ricoca Freire, exonerado da Guiné-Bissau, agora Embaixador em Pretória

Mais catalão, que se entende

Dito por eles, os catalões.

Catalunya i Portugal, una relació llarga i intensa
  • Catalunya és el 1er soci comercial de Portugal a Espanya. Les relacions comercials anuals superen els 5.000 MEUR. Les relacions empresarials també són intenses (3ª comunitat autònoma client i 1ª proveïdora).
  • Portugal és el 4rt client de Catalunya, per darrere de França, Itàlia i Alemanya i per sobre del Regne Unit o Suïssa, amb exportacions al 2011 per valor de 3.708 MEUR. Principalment matèries plàstiques, vehicles, màquines i aparells mecànics.
  • Portugal és el 10è proveïdor de Catalunya amb importacions per valor de 1.501 MEUR el 2011 (similar a les provinents de Japó o Rússia, superiors a les de Turquia o Brasil i per sota de les de provinents de Països Baixos o Bèlgica). Principalment, màquines, material elèctric, vehicles i accessoris, roba i complements de vestir, matèries plàstiques i mobles.
  • Catalunya emet el 19,89% de la inversió exterior d'Espanya a Portugal.
  • A Catalunya hi ha instal·lades 52 empreses espanyoles amb capital portuguès (prop del 13,2% del total; 2ª comunitat autònoma amb major nombre, després de Madrid).
  • A Portugal hi ha instal·lades 4 empreses catalanes: Abertis, ACL-Directpromo, AIS-Aplicacions Intel·ligència Artificial, Arbressa- Abrasivos de Portugal.
  • Les inversions directes entre Portugal i Catalunya han estat per valor de 85.432,65 milers d'euros el 2011, xifra que significa un fort creixement respecte a la xifra de l'any 2010 que es va situar en 46.490,84 milers d'euros.
Está entendido, não está?

DISPENSAs & PRIVILÉGIOs Diplomacia da bola: agora o véu, a seguir os antropófagos

E já que a FIFA respeita a cultura e as tradições dos que passam agora pela sua Idade Média, depois do véu, que permita aos canibais entrarem em campo com seus hábitos que até do quarto árbitro não restará um ossinho e mesmo o apito será engolido como um caroço de azeitona...
- Manuel DCCXXXV Paleólogo©

09 julho 2012

Presidente da Catalunha, viagem oficial a Lisboa

Artur Mas em Lisboa, nesta terça-feira, em viagem oficial, a primeira que faz ao estrangeiro. Encontros agendados com Pedro Passos Coelho (15:00), Cavaco Silva (16:00) e Álvaro Santos Pereira (17:00).

Além disso, presente num almoço (Sheraton, 14:00) promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola em participa também o ministro da Economia, e na chancelaria espanhola (Rua do Salitre, 18:15) encontro com empresários catalães residentes em Lisboa.

Já agora para saborear um pouco a língua catalã, aqui segue o que consta no site oficial do governo de Barcelona sobre finaliadades desta viagem oficial:

Aquestes reunions tindran lloc en el decurs del viatge que el cap de l’Executiu farà a Portugal, i s’emmarquen en la política que està duent a terme el president d’explicar a les principals autoritats comunitàries i als representants dels països membres de la UE les polítiques d’austeritat i el valor de la responsabilitat que està exercint el Govern de la Generalitat davant l’actual situació de dificultats econòmiques. Es tracta del primer país estranger que visita, en el marc d’un programa per explicar la realitat catalana i la proposta de resoldre, a través d’un pacte fiscal just, la situació de discriminació que pateixen els catalans.

El president Mas destacarà el paper pioner de Catalunya al si de l'Estat per alinear-se amb les directrius europees, d'acord amb el seu paper capdavanter en matèria econòmica i comercial, i desmentirà la responsabilitat que des d'alguns mitjans interessats s'atribueix a les comunitats autònomes pel que fa al dèficit espanyol. També explicarà el continuat esforç de solidaritat de Catalunya en relació amb la resta de territoris d'Espanya i lamentarà que el Govern de l'Estat no hagi estat fidel encara als compromisos legals de finançament de Catalunya. Una de les prioritats del Govern de la Generalitat és assolir, en aquesta legislatura, un finançament adequat i just. Aquest objectiu respon tant a la necessitat de dotar la Generalitat dels recursos necessaris per a les polítiques públiques previstes i derivades del marc estatutari actual com també de reduir la situació de dèficit fiscal extrem envers el conjunt de l'Estat espanyol.

Inauguração da cadeira

O Presidente da República recebeu, em audiência, uma delegação do Projeto “Duets”- Art on Chairs, durante a qual, lhe foi apresentada a Cadeira do Presidente criada pelo designer Paulo Lobo. A peça apresentada em Belém integra uma série de onze cadeiras, cada qual referida a uma personalidade digna de cadeira. Para além da cadeira de Cavaco Silva, há mais dez para José Mourinho, Zalmai, Cristiano Ronaldo, Souto de Moura, Manoel de Oliveira, Ramos Horta, Luciano Benetton, Mia Couto, Mariza e Maria Bethânia. As onze peças estarão, entre 14 de Setembro e 18 de Novembro, expostas em Paredes no Art on Chairs e a iniciativa decorre no âmbito de uma parceria entre o município de Paredes e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mas António Guterres não tem cadeira. Posteriormente cada cadeira vai ser leiloada e as receitas reverterão precisamente para o ACNUR. E com isto, a diplomacia humanitária da cadeira a provar a verdade daquele velho provérbio português segundo o qual "quem vai à feira perde a cadeira".

Nem com isso

Enfim, no termo da sua visita à China, falando em Macau em jeito de balanço, Paulo Portas não sai dos raciocínios analógicos, do é branco porque não é preto, de quinhentos ser igual a cinco centenas. Fiando-nos na página oficial do MNE que, pelas regras canónicas, deve apresentar o melhor e de mais relevante o ministro tenha dito, atribui-se a Paulo Portas a lógica de que "Portugal tem interesse em Macau, Macau tem interesse em Portugal" e que, nessa lógica "é preciso cultivar esse interesse com uma aproximação institucional frequente e regular". Nada de novo.

Depois, aquilo que se ouve há décadas sobre Macau invocadamente como plataforma de comércio e de serviços entre a China e os países de língua portuguesa, e os agradecimentos da praxe ao chefe do executivo de Macau, Fernando Chui Sai On quanto aos esforços da Região Administrativa Especial chinesa na preservação do ensino e cultura portuguesa, considerando que as partes "devem continuar a intensificar a cooperação nas áreas da educação e cultura". Claro que devem, como se dirá no Instituto Português do Oriente.

E lembrou-se que em 2013 passam os 500 anos da chegada de Jorge Álvares à China, efeméride que o ministro português, segundo o site, não quer que passe em branco, justificando: "Não é assim uma coisa muito frequente duas nações conhecerem-se há 500 anos, mas Macau é, porventura, o lugar ideal para valorizar culturalmente esse conhecimento". Porventura.

Ainda segundo o site oficial, o ministro ao fazer o balanço da viagem de uma semana fez saber (sic) que não só "cumpriu amplamente os objetivos que tinha" como "confirmou a parceria estratégica entre a China e Portugal". Seguidamente mais uma daquelas frases com que, segundo o verbo do site, sintetizou: "Portugal é um dos poucos países na Europa que tem essa parceria e sendo a China uma economia poderosíssima e um mercado enorme é evidente que Portugal tem toda a vantagem em aproveitar plenamente essa parceria". É mesmo sintético.

Diagnóstico da Cooperação: doença mortal

Um ano de (des)governação
da Cooperação Portuguesa

Cumprido um ano de actividade de Governo e em particular de actuação do Secretario de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, a situação em que se encontra o sector da Cooperação para o Desenvolvimento é particularmente preocupante. A Plataforma Portuguesa das ONGD faz o seu balanço do que considera ser um ano de desgovernação e desestruturação do sector.

7 de Julho de 2011 - A Plataforma Portuguesa das ONGD, como é hábito perante a mudança dos decisores políticos do sector, pede uma audiência ao Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (SENEC) e não obtém resposta.
Julho de 2011 – A Visão Estratégica para a Cooperação Portuguesa de 2005, que prevê o seu próprio termo de vida para 2009, não é objecto de qualquer revisão ou actualização, apesar de existir uma proposta de um novo documento já preparado.
2 de Agosto 2011 - A Plataforma reúne, por sua própria proposta, com o Grupo de Trabalho de Internacionalização e Desenvolvimento que é nomeado pelo Governo, apresentando-lhe um conjunto de propostas para a Cooperação muito concretas que serão ignoradas. O Grupo de Trabalho produz um relatório que não é consensual entre os seus membros. O único parágrafo que contém sobre a cooperação é a única parte que reúne consenso entre os membros do Grupo de Trabalho e vai no sentido da necessidade de reforço de competências do Instituo Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), nomeadamente no que se refere ao papel de coordenação da cooperação dos vários ministérios. Posteriormente o IPAD foi extinto e o organismo que o substitui em nada tem a sua actuação reforçada para aquele fim.
4 de Agosto 2011 - O SENEC, a pedido da Plataforma que com ele se dispõe a colaborar, recebe-a. Apesar dos pedidos de clarificação sobre o rumo estratégico da cooperação portuguesa, o SENEC não apresenta qualquer ideia concreta para o futuro do sector. Afirma estar em auscultação dos actores do sector, que se prolonga até hoje (Junho de 2012).
Novembro de 2011 - Apesar de não haver clarificação sobre o rumo da cooperação e apesar do Relatório do Grupo de Trabalho sobre Internacionalização e Desenvolvimento ter unanimemente recomendado o reforço do IPAD, são tomadas medidas operacionais tão desestruturantes como a extinção do IPAD.
29 de Novembro de 2011 - O SENEC participa no Fórum de Alto Nível de Busan sobre a qualidade da ajuda sem ter auscultado a Sociedade civil Portuguesa, sem a comitiva levar alguém da Sociedade Civil e sem informação prévia de que posição iria ser assumida pelo nosso país. Os princípios definidos na Cimeira foram subscritos por Portugal, sem contudo se registar a sua aplicação.
9 de Dezembro de 2011 - O SENEC comunica, em audiência com a Direcção da Plataforma, que as linhas de co-financiamento aos projectos de cooperação para o desenvolvimento passariam a ser disponíveis em anos alternados e, como tal, em 2012 já não seriam abertas. Informa ainda que o cofinanciamento aos projectos de Educação para o Desenvolvimento ficariam suspensos “sine die” para avaliação (que nunca ocorreu).
Dezembro de 2011 - É aprovado o Plano Integrado de Cooperação (PIC) para Moçambique sem a participação dos actores do sector, incluindo os técnicos do IPAD, contrariando os termos da estratégia de 2005 alegadamente em vigor. Note-se que no próprio texto do PIC se refere várias vezes que teve lugar ampla consulta da Sociedade Civil e esta nunca ocorreu.
30 de Janeiro de 2012 - De forma precipitada e sem consulta dos actores do sector - a par da constante afirmação por parte do SENEC que está a auscultar as partes interessadas para tomar decisões - é publicada a lei orgânica que cria o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua que resulta da fusão entre o IPAD e o Instituto Camões. Na referida lei, encontra-se um peso desproporcional da língua em detrimento da cooperação. É de notar que o próprio Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (CAD/OCDE) recomenda a Portugal o afastamento da promoção da língua dos objectivos da Cooperação.
28 de Fevereiro de 2012 - O SENEC é chamado à Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus da Assembleia da República e declara perante os deputados que:
  • Considera a Estratégia de 2005 como vigente. No entanto toma medidas contrárias à mesma;
  • Considera que a Cooperação é Politica de Estado. Entretanto toma medidas que contribuem para a violação de compromissos que Portugal assumiu bilateral e multilateralmente;
  • O seu principal objectivo é conferir eficácia à Cooperação. Apesar disso não define os fins da Cooperação, impossibilitando a aferição de tal eficácia, na medida em que algo só é eficaz se atingiu os resultados pretendidos, que não se conhecem;
  • Privilegia as ONGD como parceiros. No entanto, retira-lhes 57% dos apoios existentes e não encontra, com elas, soluções alternativas;
  • Apresenta a Educação para o Desenvolvimento como muito importante. Apesar disso corta em cerca de 75% as verbas da Linha de co-financiamento respectiva.
8 de Março de 2012 - O SENEC decide abrir a linha de co-financiamento para projectos de Educação para o Desenvolvimento mas reduz em 75% o orçamento disponível não garantindo, assim, mais que a continuidade dos projectos em curso.
20 de Março de 2012 – Somente após 4 meses da criação do novo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, é nomeada a sua Presidente. Só em Junho de 2012 são nomeadas os dois vogais continuando ainda a restante direcção do Instituto por completar. Também apenas em Junho são publicados os Estatutos que regulam o seu funcionamento.
27 de Março de 2012- O SENEC manda cancelar, a 100%, sem fundamento ou aviso prévio, o subsidio à Plataforma, existente desde 1994. Sem que até à data tenha sido apresentada por escrito a devida justificação.
5 de Abril de 2012. O SENEC, em processo relâmpago de “pseudo” audição da Plataforma, decide afinal lançar a linha de co-financiamento de projectos de cooperação para o desenvolvimento. Contudo, reduz o seu orçamento em mais de 50%, o que na prática significa manter apenas os compromissos de financiamento já assumidos em 2010, deixando uma verba de cerca de 300.000 € para novos projectos.
23 Abril de 2012 - Em reunião solicitada ao SENEC, a Plataforma Portuguesa das ONGD é recebida por um seu adjunto que, mandatado pelo SENEC para o efeito assume que, tendo sido o subsídio cancelado, o contracto programa celebrado para prestação de serviços entre a Plataforma e o IPAD, vigente até 2013, será mantido e será desde já negociada a sua continuidade após o seu termo.
17 de Maio de 2012 - Finalmente o SENEC recebe pessoalmente a Plataforma. De uma longa reunião que se assinala por uma notável vaguidade, resulta: a promessa de reactivar a curto prazo o Fórum da Cooperação e este é que se encarregará de rever a estratégia da cooperação tão breve quanto possível; a intenção de visitar as ONGD para as conhecer melhor; a oferta de facilitar acesso a contactos a financiadores bi/multilaterais que possam financiar projectos de ONGD que considere irem ao encontro do interesse de Portugal e; a oferta de diligenciar para a promoção de encontros entre as ONGD e o sector privado.
17 de Maio de 2012 - O SENEC reitera a importância que dá às ONGD como parceiros, ao mesmo tempo que reafirma a não manutenção do subsídio e – ao contrário do que afirmara seu adjunto, – a não disponibilidade de um novo contracto programa após o termo do que actualmente está em vigor.
24 de Maio de 2012 - Passados 11 meses de tomada de posse do actual SENEC, o sector continua sem rumo estratégico, persistindo a tomada de decisões desestruturantes e no nosso critério, sem fundamento. As ONGD apresentam aos parceiros do sector um documento com propostas muito concretas resultante de um amplo processo de debate. Até à data, o SENEC não tomou qualquer iniciativa para reagir à mesma ou até promover a sua operacionalização em nome do reforço e melhoria da Cooperação Portuguesa.

CONCLUSÃO
Assim a situação geral do sector, passados 12 meses de governação, caracteriza-se por:
  • Não haver orientações que definam o destino da cooperação portuguesa face aos desafios que Portugal e o Mundo enfrentam.
  • São tomadas medidas operacionais que entendemos serem totalmente desestruturantes do sector, afectando directamente as partes interessadas que vão desde os países parceiros da cooperação portuguesa (e nestes, as populações desfavorecidas), às ONGD, passando pelos próprios agentes e dirigentes públicos técnicos do sector.
  • Recusa do SENEC em admitir a possibilidade de haver alternativas viáveis para se atingirem os mesmos fins. Confrontado com a natureza aleatória de decisões tomadas ad hoc sem contribuírem para um fim estratégico, escuda-se nas restrições orçamentais e na obrigação de contribuir para a redução da máquina administrativa do Estado.
  • As propostas concretas apresentadas pelas ONGD, que não só não requerem mais fundos como podem ajudar a mobilizar mais financiamento e promover a eficiência e eficácia não têm qualquer eco na acção governativa.
  • Uma violação de um conjunto de compromissos assumidos por Portugal face a terceiros, pondo assim em causa o bom nome e imagem de Portugal.
  • Assim, consideramos que estas políticas não acrescentam nem eficiência nem eficácia, mas pelo contrário promovem a desestruturação do sector da Cooperação de Portugal, devendo por isso serem suspensas e sujeitas a reflexões que conduzam a práticas coerentes com as restrições financeiras necessárias e com a manutenção de vectores fundamentais da Cooperação Portuguesa.
Com este cenário, a Plataforma Portuguesa das ONGD considera que, após um ano de Governo, o balanço é francamente negativo no que diz respeito à Política de Cooperação. Por essa razão é urgente que o Governo de Portugal tire as suas ilações das práticas governativas desta área para que os danos causados ao sector não se tornem irreparáveis.
____________________
A Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD)
é uma associação privada sem fins lucrativos que representa um grupo de 67 ONGD
registadas no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Ao representar e apoiar as ONGD portuguesas a nível nacional e internacional,
a Plataforma Portuguesa das ONGD pretende contribuir para a qualificação
da intervenção da sociedade civil nos domínios da Cooperação para o Desenvolvimento,
da Ajuda Humanitária e de Emergência e da Educação para o Desenvolvimento e Formação.
Procura também potenciar as capacidades das ONGD enquanto organizações
empenhadas na afirmação da solidariedade entre os povos
contribuindo assim para a criação de um mundo mais justo e equitativo.

DISPENSAs & PRIVILÉGIOs É mesmo científico, físico, químico e nuclear

Magnífico Reitor, imagine uma carta de condução obtida em 24 minutos por 160 créditos de experiência nos carrinhos elétricos de feira, no carrossel oito e no comboio fantasma!
- Manuel DCCXXXIV Paleólogo©

08 julho 2012

A pasta do ministro

Com esta viagem ao Azerbaijão e à China, viagem mais uma vez a coincidir com a UE em ebulição nos centros nevrálgicos onde deveria estar e que deveria acompanhar de perto, já se fica a perceber o que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros quer e o que não quer como Paulo Portas, o que quer e não quer da política externa da política comunitária como ministro de Estado, o que quer e não quer da ação e da atividade diplomática como ministro dos Negócios Estrangeiros, e o que quer e não quer incluir no perfil como parceiro aparentemente fiel da coligação governamental.

E com a devida vénia...

Do jornal


A propósito da visita do ministro Paulo Portas


Por  | 6 Jul 2012 |  
Oministro Paulo Portas está, esta semana, na China à frente de uma delegação de empresários portugueses, visita destinada a estimular a relação de parceria estratégica existente entre Portugal e a China. Relação há algum tempo mantida, em lume brando, mais por responsabilidades da parte portuguesa do que da parte chinesa.
Sendo esta a sua primeira visita à China é certeiro dizer-se que o líder do CDS-PP terá encontrado um país bem diferente daquele que é descrito nos reportes da imprensa europeia e nas sinopses do Partido Popular Europeu. Um país com um pé na modernidade e outro pé na herança traumática do igualitarismo marxista. Experiência bem recordada nos incidentes desta semana, na província de Sichuan, curiosamente ao tempo da visita oficial a Hong Kong do Presidente Hu Jintao.
Nada na China é o que parece à primeira vista. Debaixo das evidências insinua-se uma realidade conturbada, mesclada de branco e preto, onde forças tectónicas se movem “por debaixo dos panos” projectando interesses que têm pouco a ver com as premissas ideológicas do regime comunista e com os interesses de um ponto quatro biliões de cidadãos chineses.
Tenho nesta coluna (e noutros lugares) chamado a atenção para as enormes transformações que têm tido lugar nos últimos trinta anos nesta parte do mundo e para a urgência do nosso país ter aqui um pé. Mudanças tanto políticas como sobretudo de natureza económica e social.
A China que os empresários portugueses encontraram tem pouco a ver com aquela que algumas dezenas de delegações empresariais, vindas à China no tempo da administração portuguesa, lobrigaram. Nesse tempo, a China prosseguia uma política de captação do investimento directo estrangeiro indiferenciado ao abrigo da qual empresas dos ramos dos têxteis, dos produtos manufacturados, dos consumíveis procuraram a sua sorte.
Esta política terminou. Como é claro pelos documentos oficiais e pelos discursos dos líderes não há mais oportunidades para este investimento “grosso”, à medida que a China se movimenta de uma economia fundada no sector das exportações para uma economia catapultada pelo seu consumo interno. Já o perceberam as empresas norte-americanas e algumas empresas europeias que começaram a transferir as suas unidades industriais (automóveis, por exemplo) para os países de origem.
O que a China quer agora são empresas de média e alta tecnologia que possam ajudar a sua subida no processo de valor industrial, através de transferências de tecnologia de ponta e da banalização de práticas de inovação que ajudem o seu tecido industrial a ser competitivo, numa nova gama de sofisticação. Empresas que possam sobreviver num mercado muito protegido e que resistirá por muito tempo às pressões externas para se afinar pelas regras de não-discriminação e livre concorrência que decorrem do acervo normativo da Organização Mundial de Comércio. Empresas que consigam sobreviver em condicionalismos de nula ou reduzida protecção dos direitos de propriedade intelectual.
Não sei se há empresas portuguesas disponíveis para competir desta forma. Fala-se muito nas PME portuguesas mas como demonstra a prática destes últimos vinte e cinco anos é suicidário entrar-se um mercado como o chinês, indo-se sozinho, contando com as suas próprias capacidades, sem um ponto e ancoragem com quem controla ou pelo menos tem acesso ao mercado de distribuição, sem um conhecimento preciso das práticas negociais e de quem manda.
Algo que mudou também na China foi a evolução de uma economia virada para dentro, para a captação de investimento directo estrangeiro, para uma economia projectada para fora, dirigida a encontrar pontos para amarrar a sua expansão em mercados bem seleccionados, inteligentemente identificados. A China prossegue, neste tempo, um caminho muito similar ao do Japão e da Coreia do Sul nas décadas de 60 e 70 tomando participações em empresas europeias, detendo importantes “assets” em carteiras de aplicações nos principais fundos de investimento mobiliário dos países desenvolvidos. A sua extraordinária liquidez, num mundo em crise financeira há cerca de um ano e meio, torna-a um parceiro incontornável.
E é aqui que surge uma enorme oportunidade conjuntural para Portugal se souber “vender” as suas oportunidades de investimento nos sectores de energia, da banca, dos seguros, das telecomunicações, da água, dos serviços em geral. O investimento chinês na EDP é um primeiro passo que deve ser seguido.
Esta é, como não me tenho cansado de escrever nos últimos vinte anos, uma relação bilateral, “olhos nos olhos”, baseada numa relação de confiança, que tem de ser alimentada e acarinhada. Portugal não pode ir para as reuniões da Comissão Bilateral sem temas para a agenda, colocando-se na posição reactiva de responder por um “vamos pensar” às propostas chinesas. Esta postura negocial cansa, satura, desilude. Portugal não está sozinho no cômputo europeu. Tem quatro países bem à sua frente (Alemanha, França, Grã-Bretanha e Itália) “batendo” toda a oportunidade de negócio, fazendo as coisas acontecer, com uma máquina burocrática e diplomática bem oleada.
Último ponto, Macau. Macau foi importante nas duas primeiras décadas das relações bilaterais, quando pouco se conhecia da realidade chinesa. Ajudou a criar relações, circunstâncias, oportunidades. Lembro o IPIM e o Fórum da China com os Países de Língua Oficial Portuguesa, nesse contexto.
Esse ciclo terminou. Em Macau ficou a herança histórica, linguística e arquitectónica, o Estado de Direito, a maneira de viver, o cosmopolitismo. Macau é jogo e casinos, o resto é paisagem. Enquanto este balão de oxigénio existir Macau sobreviverá; quando esvaziar, entrará em significativo definhamento. A sua sorte está há muito traçada: engolida pela Província de Guangdong.

A China oficialmente reportou isto e não mais

Sobre o encontro de Paulo Portas com o MNE chinês Yang Jiechi, o site oficial de Pequim reportou laconicamente o seguinte:

Yang Jiechi Holds Talks with Portuguese Minister of State and Foreign Minister 

2012/07/03


On July 3, 2012, Chinese Foreign Minister Yang Jiechi held talks with visiting Portuguese Minister of State and Foreign Minister Paulo Portas.
Yang extended welcome for Portas' visit. "China and Portugal are good friends of mutual trust," said Yang, noting bilateral relations had continued to progress under the joint efforts of both sides. China is ready to expand friendly exchanges and mutually beneficial cooperation with Portugal in the spirit of solidarity, he said. Yang said China attaches great importance to the relations with the European Union (EU) and hopes to enhance cooperation with the EU with an open and constructive attitude, so as to push for the development of China-EU ties.
Portas said China plays an important role in the international affairs. Portugal appreciates China's development achievements and always gives diplomatic priority to its relations with China, said Portas. He welcomed more Chinese enterprises to invest in Portugal, noting that Portugal is willing to further advance the bilateral comprehensive strategic partnership and thereby promote the comprehensive development of EU-China ties.


The two sides also exchanged views on the European debt crisis and hotspot issues of common concern.

CARTA DO CANADÁ. Disse o pai: meu filho deputa

O ANO EM QUE ENCARECE A PALHA

Fernanda Leitão

Num país estranho de que me falaram, rapazes de vida airada brincavam até aos 40 anos, aprendiam tudo acerca de intriga, manobrismo e rasteiras nos partidos em que, tendo começado a colar cartazes, acabaram por ser dirigentes, passadeira pela qual chegaram a mandantes. Estudar é que não era com eles e nem mesmo trabalhar, porque para isso estavam aboletados na CP (Casa do Pai). Sabiam vagamente do interior do país e do seu povo por serem dados à grande cidade e às delícias que ela traz a quem não sabe quanto a vida custa a ganhar.

Mas um dia perceberam que, na grande cidade, eram olhados de alto por uns barões e marqueses de muito título e pilim. Mudaram de agulha e resolveram ser como eles. Começaram pelo pilim, pelas negociatas proporcionadas por uns bardinas partidários que sabiam da poda. Quando a carteira engordou, trataram dos títulos: como não era possível ser barão ou marquês, mesmo rebentando com o Visa e a conta bancária, porque é aquela chatice de haver neste mundo coisas que não se compram, atiraram-se a ser “dótores”. Sem estudarem, porque eles não tinham pachorra para isso. Que estudassem outros, uns parvos sem o golpe de asa dos ladinos. E era esse país tão estranho que o puderam fazer na mais estrita legalidade, segundo roncaram os donos das escolas por onde saltaricaram. É que as leis eram cozinhadas no parlamento, sítio esquisito onde os partidos estavam acampados: por fás e nefás eram todos primos e compadres. Tão esquisito, o tal sítio, que nele pai e filho não podiam parlamentar ao mesmo tempo. É que, se ao pai fosse perguntado o que fazia o filho, não podia o progenitor sujeitar-se à violência da verdade: meu filho deputa.

Enfim, lá se desenrascaram. Ficaram todos “dótores” e como eram pategos, sentiram-se realizados.

Dizem as crónicas do tempo nesse país estranho, que o povo, alem de esfomeado e sem trabalho, se sentia humilhado, envergonhado, traído. Houve gritaria da grossa. O Carão, indignado, lembrou que, quando ele era novo, chamavam a estes gandulos “os doutores da mula ruça”. Mas o povo, mais bruto e mais autêntico, lavrou para a acta: “com formaturas assim, este é o ano em que encarece a palha”. Que país estranho! Não sei como acabou esta cegada e gostava de saber. Se alguém souber, tenha a gentileza de mo dizer.

06 julho 2012

Enviados, expedidos e anexos

Raras vezes se declara que um jornalista convidado para a cauda de comitiva oficial, assim segue como convidado, que nessa qualidade escreve e como isso 93% da independência e 7% do distanciamento crítico vão à viola. Não está em causa a liberdade de escrita e de opinião, do encómio à depreciação. O que está em causa é a declaração de comprometimento ou de interesse que o jornalista deve fazer e não faz. Na verdade, a propósito da deslocação de Paulo Portas à China, foram intitulados por aí vários enviados, uns especiais e outros visivelmente pouco especiais, mas porque mais não eram do que números na cauda da comitiva devia ter sido dita a verdade sobre as circunstâncias em que os atos jornalísticos foram praticados. Integrando uma comitiva oficial ou empresarial e pago por ela, nenhum jornalista se pode intitular enviado, mas quando muito expedido ou, mais rigorosamente, anexo. Se é para o encómio, os sapatos acabam por ficar maltratados; se é para a depreciação, a ingratidão rompe as peúgas.