21 fevereiro 2006

Sagesse na Holanda. É preciso sagesse e tendeiro que perceba da tenda...

Naturalmente que Varsóvia está a reagir ao relato hoje feito por De Telegraaf, o diário holandês que denuncia casos escravatura de trabalhadores polacos na Holanda. Aliás, a diplomacia portuguesa sabe que a diplomacia polaca não cruza os braços mesmo que seja um destemido diplomata do Irão a abrir demais a boca em Lisboa...

Sabe-se que há casos idênticos envolvendo portugueses – muitos? poucos? São portugueses. Incautos, ingénuos? São portugueses. Há que defendê-los, levá-los sobretudo a falar, libertá-los da situação de medo ou mesmo de terror, e a identificar as ratoeiras em que caíram. Cuidar primeiro das vítimas, depois avisar os candidatos – devia ser a tarefa urgente. Exige sagesse.

Mas face aos casos de escravatura com portugueses, oh Senhor Embaixador Júlio Mascarenhas! - tudo menos que autorize seja quem for a dizer que se trata de empolamento mediático, de aproveitamento político e de manipulação. É melhor não autorizar.

E o porta-voz Carneiro Jacinto que tenha santa paciência mas, ainda que de meia dúzia de trabalhadores se trate (são muito mais, sabemos) sempre são em maior número que um rapaz isolado e distraído no Dubai, caso arvorado a caso nacional, com intervenção plenipotenciária e extraordinária de um embaixador, quase penalização ordinária e pública de outro, conferências de imprensa, notas sobre se sai não sai da prisão, sabe-se lá! – quando afinal não era drama nenhum mas apenas uma dolosa distracção que ficou para emenda. Ora o drama dos portugueses na Holanda é mesmo drama, como drama é o dos polacos.

E como quem percebe da tenda é o tendeiro, o Secretário de Estado António Braga sabe com certeza muito bem quem é o tendeiro na Holanda. Ou tendeira, no caso.

Para consulta:
Ligações para De Telegraaf - 1.ª pág. AQUI e 5.ª pág. AQUI

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