O FRANCO COME O SALÁRIO EM EUROS
GREVE NA EMBAIXADA
Em vez de CHF 4.000, os funcionários só ganham CHF 2.700
Henry Habegger
Ele é casado, pai de duas filhas, funcionário administrativo da representação portuguesa na Suíça. Nos últimos meses, o seu salário derreteu como neve ao sol. No mês de Agosto, X. (*) só ainda recebeu cerca de CHF 2.700. Em inícios de 2010, ainda eram uns bons CHF 4.000.
A razão pelo salário de miséria: Portugal paga os salários na Suíça em Euros que, depois, são cambeados aqui em francos suíços. E, apesar da crise cambial, o pessoal ainda recebe o mesmo montante em euros. Se bem que a moeda em crise perdeu um terço do seu valor desde inícios de 2010. O câmbio do Euro baixou de 1.50 para cerca de 1.10.
Como A. sofrem mais de 50 outros funcionários administrativos contratados localmente da Embaixada e dos Consulados portugueses das quebras brutais nos seus salários. A situação é agravada, porque Portugal cortou os salários de todos os funcionários públicos em 10 por cento.
Portugal não é um caso único. Também cerca de um quarto dos cerca de 60 funcionários administrativos locais da representação italiana, entre eles, também cidadãos com dupla nacionalidade, recebem o seu salário em Euros. Também os seus salários caíram literalmente, porque a Itália não ajusta o montante pago em euros.
O “Blick” sabe de pessoas, em posições de responsabilidade, que só ainda recebem CHF 3.100. “Com isso, já não se pode alimentar uma família.”, diz o Conselheiro Nacional do Partido Socialista em Berna e membro do Sindicato “Unia” Corrado Pardini que está em contacto estreito com o pessoal da Embaixada.
Muitos dos atingidos estão desesperados. Também para as pessoas com salários um pouco mais elevados a situação é dramática. Se o salário de um pai de família cai de CHF 6.000, para CHF 4.000, o orçamento familiar rebenta forçadamente.
Há mais de um ano, os funcionários lutam pelo seu direito. Exigem salários que correspondam ao câmbio inicial de 1.50. Mas, até agora, nem o Governo português nem o italiano se mexeram.
A partir de Segunda-feira, os funcionários administrativos portugueses querem iniciar uma greve ilimitada e, assim, paralisar grandes partes do serviço da Embaixada e dos Consulados. Os seus 52 mil compatriotas só ainda querem atender em casos de emergência. A não ser que o Governo em Lisboa ainda ceda. Os italianos planeiam uma acção de solidariedade. Medidas de luta também são possíveis para eles.
Para Pardini é claro: “Salários assim já não garantem a existência. Os interessados são forçados para a Assistência Pública.” O exemplo mostra que, finalmente, os salários em euros deveriam ser proibidos na Suíça.” O Conselho Federal tem de solucionar este problema, com base no direito de urgência.”
* A Redacção conhece o nome da pessoa.
Assim é que a Suíça se aproveita
Berna – O que acontece aos colaboradores das representações neste momento, não pode acontecer aos funcionários das Embaixadas suíças no estrangeiro. A Suíça paga o seu pessoal em francos. Mas, o montante pago em francos é regularmente ajustado ao poder de compra local. E isso de acordo com o desenvolvimento para baixo ou para cima. Porque o Euro e o dólar são tão fracos, a Suíça poupa, neste momento, muito dinheiro com os salários dos seus funcionários no estrangeiro.
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