Podia ser um dia festivo, emblemático, um dia de bom presságio. Nesta segunda-feira (16 de janeiro, pelas 9:30), o novo edifício Europa começa a ser usado para a sua finalidade: sede principal do Conselho Europeu e do Conselho da União Europeia, entidades cujas designações começam logo por gerar confusões, não só com o Conselho da Europa que é instituição diferente, mas sobretudo porque é preciso no mínimo um mestrado para se perceber qual a razão porque o Conselho da União Europeia não é Conselho Europeu e este aquele. Enfim, está feito e a imagem do novo edifício Europa vai correr mundo infelizmente no momento em a Europa recua às suas piores velharias.
Este Conselho que, como tal, vai ser o inaugural do edifício, cumpre a reunião n.º 3.513 dos Negócios Estrangeiros, e porque está o 13, quer Federica Mogherini, Alta Representante da UE para os Devidos Efeitos e para as já Duvidosas Causas, quer os ministros conselheiros porque são do conselho, devem entrar com os dedos cruzados ou a fazer figa. Augusto Santos Silve prepare-se e tenha em conta que o fazer figas, em países de língua inglesa, é uma brincadeira infantil com se simula arrancar o nariz de uma criança, e não como em Portugal que é símbolo dos desejos de boa sorte.
Enfim. O edifício Europa está feito embora a Europa esteja longe de se fazer, para mais não se dizer ao contrário. A partir de agora vai acolher as cimeiras da UE (a primeira deste semestre já lá será), as cimeiras multilaterais e reuniões ministeriais, vai albergar gabinetes das delegações nacionais assim como o gabinete do Presidente do Conselho Europeu, ao todo 250 gabinetes e 3.750 janelas.
O edifício foi decidido vai para 12 anos em função do alargamento e não da redução da UE e foi concebido por um consórcio de arquitetos da Bélgica, Itália e… do Reino Unido.
Nesta concepção, agora concretizada em pleno, há um elemento que em 2004 estava longe de poder ser entendido como premonitório, como em 2017 pode ser e oxalá não seja. É que a fachada da Europa é composta por caixilhos de janelas de madeira restaurados, provenientes de obras de renovação ou demolição de todos os países da UE… Lá estão caixilhos de Portugal e bem se espera que a Espanha não tenha enviado caixilhos de Almaraz, mas algum caixilho de algum moinho bem conhecido de Sancho Pança.
Quanto a edifício, temos Europa. Falta o essencial. E o essencial não depende de consórcios.
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