04 junho 2004

Briefing da Uma. Justiça, Sudão, CIA, Alatas.

Briefing da Uma. Adivinhem quem está em Luanda mas, desta vez, sem representação do Estado Português…

1 – Costa Freire/celeridade da justiça portuguesa
2 – Sudão/drama humanitário
3 – Director da CIA/demissão
4 – Timor/Austrália/Petróleo

1 – (Cavaleiro Ferreira, advogado de Costa Freire, afirma que o seu constituinte aguarda há 17 anos pelo desfecho do processo judicial em que está envolvido. Não há convenções internacionais?) - «Há convenções mas, segundo a pergunta do profeta do Antigo Testamento, quem julga os juízes? O problema da justiça portuguesa é ainda não passou do Antigo Testamento. De qualquer forma, as Necessidades deveriam ter já criado um departamento especializado para acompanhamento rigoroso da aplicação das convenções internacionais, sobretudo nas matérias dos direitos humanos. Não criou e não se sabe se lhe interessa criar...»

2 – (Parece inevitável uma gravíssima crise humanitária no Dafur, Oeste do Sudão. Lisboa não diz nada?) - «Dizem alguns jornais e em breves. Isso não basta? Mesmo que ajuda consiga entrar nesse país, 350 mil seres humanos parecem estar já condenados e se a ajuda lá não chegar, o número de vítimas subirá para um milhão. As Necessidades nada dizem, em nada apelam e não se sabe se lhes interessa apelar…»

3 – (O director da CIA, George Tenet, demitiu-se. Qual o seu futuro?) - «Naturalmente que Tenet se demitiu pelos erros da CIA relacionados com o 11 de Setembro. Até poderá vir a ser um bom embaixador dos EUA em Lisboa onde ninguém erra. De resto, as Necessidades em nada erraram sobre 11 de Setembro, nunca tiveram dúvidas sobre o Iraque e não se sabe se lhes interessa não errar…»

4 – (Alatas vem dizer a Lisboa que a Indonésia teve que ceder no acordo com a Austrália sobre o Mar de Timor. A Austrália não mereceia já uma crítica portuguesa?) - «O Senhor Alatas é uma velha raposa da diplomacia e sabe usar as palavras onde e como sejam convenientes. Ele não disse, por exemplo, que a cedência da Indonésia tinha por preço o reconhecimento da anexação do território timorense… Só agora se compreende ou se vai compreendendo a persistente e continuada actuação da inteligência australiana em Lisboa muitas vezes dissimulando-se no bom pretexto da defesa dos direitos humanos. A Austrália não tem razão e Portugal já deveria ter esboçado um aviso disponibilizando apoio caso Timor a solicite. Antes pelo contrário, as mais recentes declarações de Manuela Franco, que foi a Díli e voltou, equivalem a verdadeiro descarte. E não se sabe se às Necessidades outra coisa não lhes interessa que não seja o descarte… À Austrália interessa isso.»

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