22 fevereiro 2006

Um «esclarecimento». Perfeitamente dispensável

Sobre esse «post» do porta-voz do MNE

De modo geral, o esclarecido esclarecimento de António Carneiro Jacinto acaba por confirmar o que NV disseram sobre nomeações, transferências e empréstimos de conselheiros e adidos. E mal andaríamos se tudo se confirmasse ou se alguns pormenores não tivessem sido alterados sem que disso tivéssemos dado conta – NV ainda corriam o risco de ser eco oficial das Necessidades, ou, pior ainda, de António Carneiro Jacinto.

Na verdade, o que NV divulgaram era o que, no momento, estava para ser, ou para se decidir que fosse - era o caso de João Gabriel, para Roma, apetecendo dizer: Santo Deus! Que mal há nisso? Não foi sempre assim? O próprio António Carneiro Jacinto foi para Washington depois de Belém, depois para o ICEP, depois para Paris e agora nas Necessidades, Santo Deus!

Ora acontece que, no essencial a grande parte do que se se adiantou vai ser desta ou daquela maneira, ou que a quase totalidade vai ser sob este ou aquele expediente - claro, expediente, como é manifestamente o caso de Londres. A lista adiantada por NV não foi assim tanto uma espécie de blasfémia contra o profeta e longe de nós fazermos uma caricatura de Abraão. Além de que nem dissemos tudo...

Há, no entanto, dois ou três pormenores de discrepância ou omissão nesse dispensável esclarecimento do porta-voz do MNE.

Assim, no caso do conselheiro social em Berna, diz António Carneiro Jacinto que «nunca esteve previsto sair, nem o MNE foi susceptível (sic) a revoltas da comunidade ou a mexidas do PSD». No entanto, esse conselheiro recebeu uma carta de exoneração, sobre o PSD que fale Carlos Gonçalves, e quanto a revoltas, o António Carneiro Jacinto já está a ver manifestações anti-islâmicas a mais – é que os representantes da comunidade na Suiça não gostaram mesmo nada desse cenário de afastamento do conselheiro. É um facto.

Quanto a conselheiros económicos, diz António Carneiro Jacinto que «o Quadro» fica com um conselheiro em Caracas, mas não especifica o nome. Já não é João Sena? Para quê o esclarecimento se nem esta novidade dá?

Além disso, António Carneiro Jacinto também não diz o nome do adido de imprensa nomeado ou a nomear para Bruxelas. Já não é Mário Brito Fernandes que já esteve na REPER de onde saiu muito discretamente?

E quanto a Pedro d’Anunciação, diz António Carneiro Jacinto que ele cumprirá em Barcelona o contrato «que foi interrompido quando desempenhava funções em Madrid» quando toda a gente sabe que foi indevidamente exonerado e porque motivos... É este o esclarecimento?

E quanto a Joaquim Brandão, segundo o porta-voz, regressa a Lisboa, nada mais. Joaquim Brandão está proibido de partir para outro lado?

Mas o que é isto? É apenas para lembrar coisas tristes como António Carneiro Jacinto sabe que a gente se lembra?

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