03 outubro 2003

Encerramento de Embaixadas e Consulados: erros a toda a linha

Antes do encerramento de Embaixadas e Consulados, seria de esperar que as Necessidades ouvissem, em primeiro lugar, os titulares dos postos condenados e, depois, em função dos intereses do País, as entidades que sobre a matéria devem pronunciar-se: representantes das comunidades portuguesas, nos casos em que estas tenham significado na área, e, obviamente, em tempos de diplomacia económica, os grupos empresariais e os agentes económicos e financeiros portugueses que operam à escala internacional. Isto no mínimo, para que os interessados portugueses não tenham que ir bater à porta dos concorrentes estrangeiros nos mercados em causa.

  • Ora, não foi pedida a palavra a ninguém porque se assim tivesse acontecido, haveria relatório, acta, qualquer coisa própria de País organizado. ninguém foi ouvido e as raras explicações de José Cesário não convenceram.

  • E qual é a posição dos grupos empresariais e financeiros sobre o encerramento de vários consulados? Ninguém sabe, nem essa posição foi pedida.

  • E, sobre o fecho das embaixadas na Costa do Marfim e na Namíbia? Nada, nada também.

    A missão em Abidjan está dissolvida, o embaixador Pessanha Viegas, pelo que sabemos, após recusar uma primeira proposta, escolheu do cardápio o seu próximo destino: Kiev. Vai ser embaixador na Ucrânia.. Por aí, as coisas foram resolvidas com a satisfação dos desejos do senhor embaixador.

  • Resta agora a Namíbia. Como a folha oficial não volta a atrás, a embaixada em Windhoek será encerrada a 30 de Novembro e nas Necessidades niguém sabe o que vai acontecer ao embaixador António Montenegro cujo relatório sobre as vantagens ou desvantagens do encerramento da missão também é desconhecido - ou porque o diplomata se esqueceu disso ou porque nunca tal foi pedido, como quase pela certa aconteceu.

    Sem dúvida que o Governo tem toda a legitimidade e competência para encerrar embaixadas e abrir novas. Só que em democracia o uso da legitimidade e da competência deve ser fundamentado.

    António Montenegro foi nomeado para representar Portugal na Namíbia, tal como Pessanha Viegas o foi para a Costa do Marfim.

    Comenta-se nas Necessidades que Pessanha Viegas fechou um bom negócio. E no caso da Namíbia, António Montenegro também já fechou negócio? Bem, aí, a escassas semanas do encerramento definitivo da missão, Jorge Sampaio como lhe compete nem sequer exonerou o embaixador. E também quase pela certa, vai exonerá-lo sem o ouvir... E se o Presidente da República não o ouviu nem o ouvirá, porque carga de água os grupos empresariais e agentes económicos haveriam de ser escutados?

    Erros a toda a linha. A que correspondem humilhações a toda a prova.
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