Escreve Maria Helena Alves Garcia de Oliveira
(Fórum do CCP, 29/10/2003)
«Sou uma funcionária consular, no escritório consular de Sion. Para uma comunidade de cerca de 15000 portugueses somos apenas 2 funcionárias que efectuamos todo o serviço. Acontece estarmos demasiadas vezes a trabalhar sózinhas, seja porque uma de nós está de férias, num curso, doente ou ainda a fazer exames, pois ambas somos trabalhadoras estudantes. É com muita dificuldade e mágoa que nos vimos obrigadas a dizer aos muitos portugueses que acorrem aos nossos serviços que só nos é possível atender um determinado n.° de pessoas e que as outras terão de vir noutro dia, o mais cedo possível para poderem ter a sua senha. Algumas pessoas deslocam-se 3 e 4 vezes para poderem ser atendidas! Tanto eu como a minha colega fazemos inúmeras horas extras (que não nos são recompensadas), porque somos humanas e compreendemos os problemas das pessoas e tentamos ajudar o máximo, mas não chega, porque estes problemas são diários. Também somos nós que nos fazemos agredir verbalmente e não só, porque há poucos dias a minha colega sentiu-se ameaçada por um indivíduo e teve de chamar a polícia. Começo a recear bastante que um dia destes isso aconteça. A quem responsabilizar depois? Eu trabalho no Consulado desde 1988 e adoro o que faço, mas penso não estamos à altura de satisfazer a nossa comunidade. Embora muito se tenha evoluído, estamos ainda longe de corresponder ao desejado. Mais a mais num país como a Suíça, onde impera a organização, fazemos um pouco "nódoa". Só me resta esperar que alguém "de cima" me leia e possa mudar alguma coisa... para bem da nossa imagem como representantes da Administração Pública Portuguesa, no estrangeiro.»
NV acredita que alguém imprima este texto e leve a Teresa Gouveia que recomendou, em pleno Senado da Assembleia da República, «a maior acuidade» a José Cesário, no dossier da reestruturação consular.
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