Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
20 janeiro 2004
Diplomacia, Política Externa, Política Internacional...
Mal de um País quando se esquece da Política Internacional. Caso esse País seja Independente e ainda que relativamente soberano, se lançar a Política Internacional para o poço das coisas inúteis é o mesmo que riscar a Política Externa da lista das preocupações colectivas. E com o apagamento da Política Externa, a Diplomacia não se justifica. Podem continuar no activo uns quatrocentos diplomatas, podem trinta e sete teóricos incontestáveis dissertar sobre grandes causas e desígnios ditos nacionais, por sua vez supostamente protagonizados por escassos dezoito decisores com os olhos em bico por interesses de além fronteiras, e pode ainda, esse, País exibir um calendário repleto de seminários, fóruns, encontros, jornadas, conferências e até, sabe-se lá, de solilóquios e monólogos sobre os mais graves temas da política internacional dando voz a mestres da última fornada, a doutorados da penúltima e à catadupa de licenciados na especialidade que, à falta de emprego, andem de debate em debate tal como os testemunhas de Jeová procuram sinais do fim do mundo em cada toque de campainha... Pode haver muito desse barulho – inútil e enganador, claro – que mal estará esse País sem Diplomacia, sem Política Externa e sem aquela vocação determinada nas Relações Internacionais que faz que haja uma Política, participe numa Política e seja parte na formulação de uma Política Internacional. Nestas circunstâncias, os tais quatrocentos diplomatas no activo pouco mais poderão fazer do que protocolo, os trinta e sete teóricos falarão sem parar como os antigos padres do latim (nem os próprios muitas vezes entenderiam o que com todo o entusiasmo gritavam do alto) e os dezoito decisores terminarão os seus efémeros dias de mandato sem correcção de vista. Continuem assim que vão bem.
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