Do adido militar de Portugal em Ceuta, general Diogo Lobo Pereira:
«MUITO URGENTE. Solicito informação sobre seguinte:
Aqui em Ceuta, nossos serviços desconhecem se é a Tunísia, a Argélia, Marrocos ou - quem sabe? - Andorra que pode entrar em conflito militar com Espanha, em função do que PM Durão Barroso assegurou face a um cenário desse tipo. Sabe-se que esse pressuposto caso de guerra não consta, tal como Olivença, da «agenda diplomática» portuguesa. E sendo um assunto desconhecido nas Necessidades (pelo menos embaixador em Casablanca nada me comunicou), duvida-se que o seja no Ministério da Defesa em função da visita de SEXA Ministro e género de diálogo com altas patentes marroquinas.
Em todo o caso duas perguntas:
a) Se esse conflito de Madrid acontecer com o Reino Unido, numa reedição de Goa mas aqui muito perto de Ceuta? Vou defender os espanhóis armado em D. Quixote?
b) E se, entretanto reaparecer, por aí em Portugal, um minúsculo partido político cujos aguerridos militantes gritem «Nem mais um soldado para o Rochedo»? Poderei, neste caso, permitir que abram uma secção em Ceuta?
Líder árabe Abu Mao afirmou-me ontem em Melila que «há coisas que podem ser pensadas mas não devem ser ditas». Disse ainda que seu avô Mohamed Mao lhe ensinou que «as coisas que não devem ser ditas são aquelas coisas que ou acordam outras que já aconteceram, ou puxam as que podem inesperadamente acontecer ao que nós árabes chamamos agoiro». Acrescentou Abu que «não se pode tratar de assuntos susceptíveis de sugerirem os cenários mais graves da política externa como se fosse um jogo de manecas com Aznar ou com Blair.»
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