Em Primeiro Lugar:
Por diversas vezes, Notas Verbais se têm referido a PortugalClub, um sistema de distribuição de mensagens que é vivo, perspicaz e manifestamente pluralista – dá a voz, faz correr o debate, instala emoções, enobrece protestos e, acima de tudo, estabelece aquela grande fraternidade que é cavada pelo diálogo. O cavador chama-se precisamente Casimiro Rodrigues que não conhecemos, e que, sabendo-se que cava essa fraternidade no Brasil ou a partir do Brasil, é como se não se precisasse de saber que está aí porque corre o mundo. E nessa terra lavrada por Casimiro Rodrigues encontra-se de tudo: há inesperados diamantes de prosa (aquele diamante, por exemplo, de Barbosa Tavares a escrever de Brampton, lá do Ontário e ficará arquivada em tempo em Notas Formais), mas também há calinadas na gramática, há desabafos que só na oralidade se poderiam aconchegar, há ingenuidades e há coisas de sabidos, há evocações do passado que, de passadistas ou não, acabam por ser o elogio da memória em que os Portugueses se deveriam rever mais se é que queiram ter algum futuro de coluna erecta, enfim, por lá surgem também professores que deveriam voltar a ser alunos e também alunos de quem não nos importaríamos de receber a próxima aula, a aula da vida, da ousadia, do querer, do estímulo e, meus senhores permitam-me, do amor por Portugal, o genuíno e não o abastardado pelas cabeças providas do mesmíssimo ar das bolas de futebol, pois o analfabetismo é já uma cátedra. No PortugalClub há de tudo, mas o conjunto é um portento porque o PortugalClub se transformou numa aula da vida da emigração e numa prova escrita do que isso deu como resultado aceite – as Comunidades Portuguesas onde o Estado não deveria ser sinónimo de Governo... como nos tempos da sola rota, do salto e do suborno a funcionários inchados para um triste passaporte.
Ora, se esse grande e prumado diplomata que foi no activo e continua a ser em magistério de influência – o Embaixador Mello Gouveia – conseguiu identificar no Oriente um novo e actual Fernão Mendes Pinto, não custa nada aceitar que Casimiro Rodrigues, sem o pretender, esteja a provocar a redacção de uma grande, actual mas colectiva Peregrinação. Se o Fernão Mendes Pinto fosse nosso contemporâneo, estivesse no Brasil e tratasse internetes e correios electrónicos por tu-cá tu-lá, uma das muitas coisas que certamente ousaria fazer seria precisamente o PortugalClub que, pelo que se tem visto, enfrenta igualmente samurais.
Notas Verbais, de quando em quando, alegra a sua modesta campanha diplomática (pré-socrática e da Ásia Menor...) com personagens fictícios ou mesmo com actores verosímeis, mas neste caso é a sério e em função da lavra do PortugalClub, Casimiro Pires é deveras um Embaixador Honorário. E como Embaixador Honorário faz mais do que o Eusébio que só assina autógrafos, por certo impelido por uns tantos que obsessivos pelo Portugal escrito exclusivamente com os pés – o que, fazendo parte da vida e sendo também coisa de admirar, quando é demais não presta.
Ainda hoje voltaremos ao PortugalClub que suscitou a NV um tema que poderá interessar ao Deputado Eduardo Neves Moreira nas suas incursões pela «diplomacia das comunidades».
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