Ao que sabemos, a Embaixadora de Portugal em Zagreb, a ministra plenipotenciária Ana Barata, está a trabalhar muito bem. Também ao que continuamos a saber, o Embaixador da Croácia em Lisboa, Zelimir Brala, muito bem está a trabalhar. E também pelo que constatámos na conversa que mantivemos com o Presidente da Croácia, Stejpan Mesic, os dois países podem trabalhar com excelência. A Croácia tem interesse em aproveitar ao máximo a estratégica localização atlântica de Portugal, desde que Lisboa queira tirar partido dessa porta privilegiada do Adriático para terceiros países onde dificilmente poderá entrar sem tal franquia. Em situações de alianças como estas, costuma dizer-que que se trata de países amigos e a Croácia pode ser um País Amigo, com letra grande e reciprocidade.
Para tanto, a diplomacia portuguesa tem que possuir golpe de asa e perder a irritante pose da «diplomacia de canário na gaiola» - canta bem desde que tenha alpista e anda de poleiro em poleiro mas sem voos.
Á embaixadora Ana Barata, de resto, está no posto indicado e não caíu em Zagreb de pára-quedas. Se NV não estão em erro, Ana Barata estreou-se a sério no diálogo com a Croácia no quase remoto ano de 1996 (como o tempo passa...) quando uma missão de Lisboa foi negociar com o então MNE croata Granic (julgamos que foi mesmo o ministro Granic, perdoe-se-nos se há lapso) a entrada da Croácia para o Conselho da Europa. E se também não estamos em erro, foi Seixas da Costa quem chefiou a missão.
É justo dizer - e não teria ficado mal a Teresa Gouveia ter feito essa justiça, só lhe ficaria bem - que no Portugal-Croácia em diplomacia, Jaime Gama foi visionário e pioneiro na teima de retirar a Croácia do limbo dos Estados exóticos para onde Portugal normalmente remete os países que secundariza do alto da sua soberana mentalidade de periferia de pássaro cantador mas que não passa de rastejante atitude na fila do peditório a Bruxelas.
E o que é que a Croácia quer? Bem, a Croácia precisa de amigos para manter acesa a esperança de poder «apanhar» a Roménia e a Bulgária na entrada (?) em 2007 na UE, desde que perceba que tem de manter intacta a sua abertura a colaborar com o Tribunal Internacional para a ex-Jugoslávia. Disto, o presidente Stejpan Mesic deu garantias em Lisboa. e pelo que nos disse, está a provar com factos.
E o que é que Portugal deve fazer? Bem, Portugal precisa de estabelecer uma estratégia clara com Zagreb: troca de experiências na integração comunitária (designadamente por via da Direcção Geral dos Assuntos Comunitários das Necessidades), treino em controlos de fronteiras (através do SEF), acção do ICEP e por aí adiante. Não vamos nem temos que ensinar o Padre-Nosso ao cura.
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