05 maio 2004

Briefing da Uma. Zapatero/Vitorino, Madrid/Lisboa, Guterres/Trigo/Joio, Mota Amaral e Diplomatas dos EUA

Briefing da Uma. Desculpem a antecipação.

1 – Espanha/Vitorino
2 – Espanha/Portugal
3 – Guterres/IS/PSOE
4 – Mota Amaral
5 – Diplomatas norte-americanos na reforma


1 – (Zapatero afirmou em Lisboa que a Espanha «vê com bons olhos» uma candidatura de Vitorino para presidente da Comissão Europeia. Um rebuçado?) – Não consideramos isso como rebuçado. A Espanha tem que apoiar alguém para um cargo a que muito dificilmente com êxito se poderia apresentar um espanhol. Além de que «o eixo» tem agora acrescidas vantagens na corrida de Vitorino. Ora o senhor Zapatero limitou-se, por ora, a usar a velha fórmula dos reservados mentais - «vejo com bons olhos» - mas fazendo depender uma posição clara da Espanha dos resultados das chamadas eleições europeias.

2 – (Ainda sobre a quase meteórica visita a Lisboa de Zapatero, este opinou que as relações entre Lisboa e Madrid têm de ser muito especiais. Que significa isso?) – Não significa nada. O senhor Zapatero fez adiantar outra fórmula que Portugal conhece desde os tempos de Viriato – a da «Lealdade, Sinceridade e Franqueza» ou LSF… - fórmula que neste seu primeiro périplo no exterior usou apenas em Marrocos e em Portugal. A LSF de Zapatero apenas poderá ser avaliada na cimeira luso-espanhola agora marcada para Outubro na Galiza e que, a rigor, foi o único dado relevante da visita.

3 – (Guterres acaba de admitir uma maior convergência entre a IS e o PSOE, no meio de elogios efusivos a Zapatero. Como se explica?) – Sobre essa matéria não temos que nos pronunciar, após as também maiores convergências da IS com o Partido Comunista da China e com o MPLA. Sob forte influência da parábola evangélica, Guterres considera que «o trigo» está na clareza do actual Governo espanhol e que «o joio» é a guerra do Iraque. Guterres tem destas: quando devia falar e explicar, não fala nem explica; quando devia estar em prudente silêncio, fala por parábolas.

4 – (Mota Amaral, embora de forma ténue, insurgiu-se contra a marginalização do parlamento nas matérias de relações internacionais e em concreto nas opções de política de defesa. Tem sido assim?) – E tem sido. Os governos gostam sobretudo de parlamentos que façam a democracia musculada do quem-vota-a-favor-levante-o-braço e que não escrutinem num quadro de diplomacia parlamentar que também tem regras.

5 – (Cerca de 60 diplomatas norte-americanos na reforma, enviaram uma carta a Georges W. Bush, criticando a política de apoio incondicional a Ariel Sharon o que, no entender dos signatários põe em causa «a credibilidade, prestígio e amigos» dos EUA. Diplomatas britânicos tinham feito o mesmo relativamente a Tony Blair, na semana passada. Uma iniciativa destas será alguma vez possível por parte dos diplomatas reformados portugueses sobre qualquer matéria?) – Dificilmente, muito dificilmente ainda que as matérias abundem e até sobrem, na área dos interesses portugueses. O diplomata português reformado típico (ou jubilado…) acaba, quando muito, em colaborador do Expresso, pelo menos em professor numa universidade privada, e num isoladíssimo exemplo em correspondente ficcional de NV, como é o caso do embaixador Agapito Barreto…

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