21 julho 2004

José Cesário com lugar

Deprimido com a saída das Necessidades onde durante dois anos viajou muito e fez pouco, acrescendo que o pouco que fez, fez mal, José Cesário foi «transferido» para Secretário de Estado da Administração Local, matéria que certamente se esperaria que viesse a ser cometida no mínimo a um sociólogo preparado por entre os muitos com que o PSD conta. Se essa decisão foi boa ou má poiliticamente, é um um problema do Governo. Por parte de NV, do exercício crítico a que José Cesário nos forçou na sua passagem pelas Necessidades, se é verdade que se podem tirar algumas vírgulas, não se retira uma palavra e muito menos uma linha.

  • A reestruturação consular foi um desastre. Sem planeamento, sem sentido de gestão e de previsão, sem atenção aos dados no terreno e, mais grave, com inverdades.
  • A nomeação de cônsules honorários, amiúde, fez destapar critérios duvidosos.
  • O diálogo com estruturas representativas (sobretudo com o Conselho das Comunidades Portuguesas para uns efeitos e com o Sindicato dos Trabalhadores Consulares para outros efeitos) foi outro desastre. O diálogo ficou ao nível dos repastos.
  • A tentativa de «organização» dos media da emigração revelou, no mínimo, uma prática de relações espúrias - organizar não é distribuir pequenas e efémeras mordomias.
  • A administração consular, aqui e ali mas cada vez com mais frequência, entrou no caricato se não até no desrespeito pelos cidadãos portugueses que residem e trabalham no exterior.
  • A promoção da «auto-estima» seguiu por critérios também no mínimo provincianos, além de outros como os de capelinha partidária.
  • A produção legislativa foi escassa para não se dizer nula.
  • A atenção pelas chamadas questões cruciais ou vitais - como a do ensino do português - foi outro desastre.
  • Finalmente, no que será a coisa mais grave para um governante numa Democracia, Cesário via em cada crítica um ataque pessoal, em cada dúvida política uma acto de perseguição e em cada autor de crítica e dúvida um alvo sedicioso. Sacrificou a solidariedade com Martins da Cruz para sobreviver, geriu um distanciamento soberano com Teresa Gouveia para continuar a sobreviver e naturalmente que sai das Necessidades sem deixar saudades no Palácio e na Emigração. Mas também é verdade que não se pode exigir tudo a um homem que concluiu o Curso de Magistério Primário, em Viseu em 1978, e, Professor do Ensino Básico, foi subindo pelas rotinas de partido.

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