02 julho 2004

Portugal-cobaia

Pela mão de José Manuel, Portugal oferece-se para o papel de cobaia da União Europeia. A Bélgica, país que alberga as principais instituições da EU e disto tira inevitável partido, estava nas melhores condições para essa experimentação de laboratório político sobre como fazer emergir no futuro os presidentes da Comissão ou executivo europeu. O Luxemburgo pesou, mediu e recusou. Mais nenhum «pequeno-país» reunia as condições – integração da zona Euro e do espaço Shengen, garantia de não hostilização por parte do actual presidente norte-americano. José Manuel que não mediu nem pesou e muito menos submeteu ao escrutínio do Pais a sua decisão, foi verdadeiro uma vez na vida de forma insofismável: a aceitação do cargo correspondia à sua ambição pessoal. Portugal confronta-se assim com dois governos sucessivos cujos primeiros-ministros abandonam o cargo. Escassos dois anos depois da não-explicação de Guterres que supostamente deixou o País de tanga, acontece esta anti-lógica de José Manuel que deixa o País em pantanas e desorientado. José Manuel que desde o primeiro dia da sua campanha eleitoral de 2001, potenciou até à exaustão a forçada fórmula do «Primeiro Ministro de Portugal» como se a essa fórmula estivesse subjacente um mandato pessoal a ser cumprido até ao fim em contraponto com o antecessor, revela o que é. Se nem à sua fiel Ministra de Estado e das Finanças, Manuela Ferreira Leite abriu uma nesga do véu da sua consciência, como haveria de o fazer ao País, auscultar o País, aceitar o que a profundidade do País eventualmente lhe poderia dizer? A chefe da diplomacia portuguesa, Teresa Gouveia, deve agora ter muitas razões de descontentamento. Já é tarde e seja como for – haja eleições ou não – o Palácio das Necessidades protagonizará inevitavelmente uma hipoteca política.

E agora, Diplomacia?

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