Correspondência de ADDC:
«Por conhecer o interesse e a forma cuidada com que tratam a informação neste domínio, diplomático e outros, e que consulto e leio com frequência, contacto-vos por dois motivos, um mais legítimo do a que o outro. O menos legítimo (comecemos por ele) por que tendo consultado o blog Pipi room, dei-me conta de que efectivamente se aparenta mais com uma latrina do que com um blog. Lamentavelmente não descobri indicação de e-mail de contacto, ou porque não procurei bem, ou porque tal não existe. Entre as mal-amanhadas linhas que misturam assuntos para os quais alguma sobriedade não seria excessiva, mas que deverão certamente alimentar fantasias sexuais desviantes de gente tão bem-pensante, desenham-se pequenos ajustes de contas pela calada do éter, e aproveita-se para fazer campanha (eis o início do motivo mais legítimo) para defesa do que é indefensável, manipulador, e que demonstra bem a má fé – costumeira - do escriba urinante.
«Refiro-me precisamente à questão das reformas ditas "milionárias" dos funcionários dos quadros externos do MNE, também apelidados funcionários consulares e diplomáticos dos quadros externos. Para que se saiba, estes funcionários efectuam todos os descontos sociais e pagam os impostos normais com base no total dos rendimentos auferidos do MNE. Vivendo muitas vezes em países com custos de vida em muito superiores aos de Portugal, não espantará ninguém que os salários tomem esse aspecto em linha de conta. E de tal forma não espanta ninguém, que funcionários dos quadros internos do MNE, com categorias profissionais baixas, enviados para esses outros países, vão auferir o pagamento de subsídio (que se chama representação ou outro pleonasmo do género) superior ao salário de funcionários com categorias técnicas, chanceleres, chefes de serviço que lá residem e trabalham em permanência.. Ao tal subsídio acresce o pagamento do salarinho em Lisboa... Em segundo lugar, e também para que se saiba de uma vez por todas, esses senhores do MNE enviados para Consulados e Embaixadas não pagam impostos - nem efectuam descontos- sobre essa grande e importante maquia dos seus rendimentos. Se o fizessem, receberiam certamente reformas bem superiores às dos tais funcionários dos quadros externos- os tais que tanto ganham!! - mas que têm contudo as contas justas com a Segurança Social e Impostos. Essas pessoas que denunciam o que mais lhes convém deveriam ter vergonha na cara. Esses senhores do MNE que expliquem o motivo por que "os da casa", quando enviados para o estrangeiro, precisam, para sobreviver, de receber mais do que os funcionários que lá vivem em permanência - e com mais responsabilidades no seu trabalho a maioria das vezes-, e que o devem fazer com muito menos dinheiro e com o pagamento de todos os impostos e obrigações sociais. Já para não referir novamente, pois pode parecer mal, que durante essas missões recebem também e ainda os seus salários em Portugal- modestos rendimentos, no entender deles, sobre os quais pagam os descontos- igualmente modestos- e que tanto se indignam dêem lugar a reformas - modestas em comparação! Pois que comecem a pagar impostos sobre todos esses rendimentos, e acabar-se-ão os motivos de inveja!!! Fazendo a conta a dois exemplos, concluí que a soma dos valores líquidos recebidos pelos "da casa" no estrangeiro (com habilitações baixíssimas) atinge o dobro do salário líquido de funcionários administrativos e técnicos dos quadros externos, na mesma cidade e posto. Isso sim, parece-me ser escandaloso.
«No fundo, o que é triste é que quem tem obrigação de saber compreender - e explicar aos que a tanto não chegam- estas coisas, por inerência do cargo que ocupa e por formação intelectual que supostamente recebeu, continue a alimentar estas espécies de "desamores" entre os de dentro, "os da casa" e os outros, os enteados. A quem servirá a manipulação?
«Grata pela atenção e eventual ajuda a esclarecer o assunto. O STCDE poderá certamente, e com vantagem, explicar-vos melhor o que apenas consigo balbuciar.
«Mas, aqui deixo a nota de que não me referi aos rendimentos dos diplomatas e conselheiros/adidos técnicos idos de Lisboa para o estrangeiro. Quanto a esses, falemos de rendimentos importantes, e com zero 0 declarado aos impostos, segurança social e afins por terem designações contabilisticas que a tal não obrigam. Que experimentem pagar sobre essas representações os ditos impostos e etc. e verão como a reforma será outra - simplesmente porque a pagaram.»
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