19 outubro 2004

Briefing da Uma. Exactamente – 13 horas em Vancouver.

Briefing da Uma. São 21 horas em Lisboa. Não é uma citação, é apenas uma constatação: a melhor consulta de fusos horários do mundo pertence a Cerveira. Que o Cônsul-geral Laranjeira de Abreu clique, em Vancouver, e o Embaixador Rocha Páris comprove, no Vaticano.

1 – Consulado-Geral de Portugal em Vancouver.
2 – Prémio Aristides Sousa Mendes e a Menção Honrosa.
3 – Camões
4 – Venezuela/Mercosul
5 – Vaticano e Judeus

1 – (Porque motivo o senhor vem a Vancouver fazer o Briefing da Uma? Não lhe basta Lisboa?) - «Somos livres de escolher o ponto do globo para estes briefings. Mas como vocês são profissionalmente curiosos, adiantamos que quisemos constatar a implantação consular portuguesa nestas paragens e a grande obra aqui erguida pelo Cônsul-geral Laranjeira de Abreu. A elevação do consulado a Consulado Geral projectou Portugal no Pacífico Norte e a cidade de Vitória vai aderir à CPLP.»

2 – (Vai ser entregue o prémio Aristides Sousa Mendes, 3750 euros, ex-aequo, a Ana Leal de Faria e Maria Manuel Stocker. No entanto, a Manuela Franco foi atribuída apenas uma menção honrosa. Não foi uma injustiça para os judeus levantinos?) - «Na medida em que Manuela Franco ousou concorrer ao prémio dos diplomatas, estando ainda no exercício das funções de Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, foi uma tremenda injustiça. Mas também foi um alívio para o júri, presidido pelo embaixador Duarte de Jesus, ter que decidir já depois da exoneração do governo. Digamos, com mais rigor, que foi uma injustiça aliviada, porque ser concorrente a um prémio de diplomatas e ao mesmo tempo exercer o cargo de Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, está longe de ser uma forma de pressão mas muito perto de colocar o júri entalado com a cunha. Na verdade, Durão Barroso anunciou a demissão a 29 de Junho e a data-limite para os concorrentes entregarem cópias das suas obras terminava a 30 de Junho, um dia depois. Esta foi, portanto, uma injustiça de calendário. De qualquer forma, sempre pingou uma menção honrosa para «Os Judeus Levantinos de Origem Portuguesa». Mas, meus senhores, terminemos a conversa porque estamos em Vancouver e de judaísmo também o Cônsul-geral Laranjeira de Abreu percebe. Não se metam.»

3 – (Afinal o Camões existe, contrariamente ao que NV por aí têm dito. Amanhã, quarta-feira, Simoneta assina um protocolo com Comissão Fullbright... Ficou calado?) - «Na verdade, amanhã, ao meio-dia, horas de Lisboa, o Instituto Camões e a Comissão Fullbright apenas renovam a assinatura de um Protocolo em vigor desde 1999... »

4 – (Também amanhã, nas Necessidades, há uma reunião UE-Mercosul, a nível ministerial. Sabe alguma coisa sobre se a Venezuela vai aderir ao Mercosul?) - «É verdade que o Comissário Europeu Pascal Lamy e os Ministros dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, vão manter mais uma ronda de negociações que o ministro ‘pretende que possa ser conclusiva’ associando o nome de Lisboa a um acordo entre europeus e latino-americanos sobre temas delicados com que se anda a partir pedra há anos. Quanto à Venezuela, podemos garantir-vos que o chefe da diplomacia de Caracas, Jesús Arnaldo Pérez, acaba de assinar o documento que levará a Venezuela a ingressar em definitivo no Mercosul. É um dado até agora desconhecido mas, como petróleo venezuelano pesa, o dado deve também pesar na reunião de Lisboa. Monteiro com meia-sorte, já. A outra metade de sorte, amanhã se saberá. Mas que o petróleo venezuelano pesa, lá isso pesa – que o diga, aqui em Vancouver, o Cônsul-geral Laranjeira de Abreu que tanto precisa desse combustível entre Vitória e o Consulado-Geral!»

5 – (Pode adiantar alguma coisa sobre uma reunião no Vaticano entre delegações de judeus de Israel e católicos?) - «Possivelmente o nosso Embaixador junto da Santa Sé, Rocha Páris, já reportou tudo para as Necessidades. Em todo o caso, digo-vos que, desde domingo, delegações do Grande Rabinato de Israel e da Comissão pontifícia para as Relações Religiosas com o Judaísmo, estiveram reunidas em Grottaferrata, perto de Roma. De um lado o Rabi Shar Yishuv Cohen e do outro o Cardeal Jorge Mejía. A reunião, como o embaixador Rocha Páris costuma dizer, ‘terminou ontem’ e no comunicado final, mesmo a propósito de Jerusalém, não há uma única palavra de referência expressa aos palestinianos, também nada se dizendo sobre os judeus levantinos de origem portuguesa.»

(O que diz então?) - «O costume: que ‘Jerusalém reflecte um carácter sagrado para todos os filhos de Abraão’, que católicos e judeus ‘não são inimigos mas aliados firmes na proposta de valores morais essenciais a bem da humanidade’ e que pedem ‘às autoridades religiosas que protestem sistematicamente contra as ofensas feitas aos religiosos, aos símbolos religiosos e aos lugares santos’. Nada mais, tal como o Embaixador Rocha Páris também costuma dizer.»

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