05 janeiro 2005

Agapito e Casamia. Um recusa os Açores, o outro a Madeira…

Agapito encostado à liteira, ali à entrada do Rilvas, a bater com o tacão do sapato no chão, como não podia deixar de ser imitando intensa trovoada, raios e coriscos…

- Então Embaixador, 2005 começou bem para si?
- Meu caro, Imagine no que estes tipos queriam em que me transformasse! Vem um e propõe-me ser cabeça de lista, como independente, pelos Açores…
- Aceitou?
- Como poderia eu aceitar isso se nem de longe conheço o Santo Cristo? Você acha que sou um farsante?
- Calma Embaixador! Calma!
- Qual calma! Não é que vem o outro logo a seguir propondo-me ser cabeça de lista também pelos Açores? Isto é demais! É demais para um diplomata de Freixo de Espada à Cinta! É demais! É demais!!! Isto…


E mal Agapito se sumiu escada a cima rumo ao Terceiro Andar e repetindo em cada dois degraus «É demais!», eis que entra com passada curta o único princípio do contraditório em que a diplomacia portuguesa se reconhece como fim – exactamente, o Embaixador Casamia.

- Então Embaixador, 2005 começou bem para si?
- Ai que horror! Então não é que um deles me convidou para cabeça de lista da Madeira?
- Aceitou?
- Que horror! Como havia eu de aceitar? Perderia a minha liberdade de movimentos na ilha! Você acha que sou capaz de abdicar dos meus afectos? Que horror!
- Calma Embaixador! Calma!
- E não é que vem o outro a seguir propondo-me também ser cabeça de lista igualmente pela Mdeira? Isto é demais! Que horror! Que horror! Ai que horror!!!


E lá foi Casamia pelos Claustros fora, tremelicando os finos dedos no ar e escapulindo um rosário de horrores naquele sotaque com que, pela persistência, tantas missões diplomáticas se têm transformado em missões de afectos...

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