14 janeiro 2005

Briefing da Uma. Baixa política em meia dúzia de Embaixadas.

Briefing da Uma. «Os mentirosos são sempre pródigos em juras», é o que Pierre Corneille voltaria a dizer, olhos nos olhos, a alguns embaixadores nomeados por sedicioso favor.

1. Baixa política de chancelaria
2. Jeovás de embaixada
3. Banguecoque

1. (É verdade que há uns determinados embaixadores que, neste período já eleitoral, se desdobram em insinuações de que a haver novo governo PS haverá recuos na política externa nisto ou naquilo?) - «Infelizmente é verdade. Embora sejam poucos os casos de missões diplomáticas cujas chefias protagonizam essas cenas pouco recomendáveis na carreira, o que sabemos já é demais. Acreditamos que o ministro António Monteiro seja o primeiro a ficar incomodado com tais comportamentos porque não é assim que se acautela a imagem de um País, os interesses de um Estado e o exemplo de uma Democracia. Os casos desta baixa política de chancelaria chegam à meia dúzia mas são já meia dúzia. Um Embaixador de Portugal acreditado numa capital estrangeira não tem que armar-se em pitonisa fornecendo oráculos sobre como será a política externa portuguesa consoante este ou aquele partido ganhe. A figura do embaixador-pitonisa da baixa política é coisa que há muito já devia ter acabado.»

(Pode citar as missões a que se refere?) - «Não vamos identificar a meia dúzia de chefias de missões que estão a pisar o risco. O MNE tem uma Inspecção Diplomática e tem um Secretário Geral. Indaguem. A função de NV, por ora, é apenas alertar e convidar alguns desses embaixadores a porem a mão na consciência que certamente têm.)

2. (Há muito tempo que NV não se referem à eternização de titulares de certos cargos não diplomáticos no estrangeiro. Monteiro resolveu esse assunto?) - «Não resolveu nem se lhe podia exigir que tivesse resolvido em pouco mais de seis meses. Na verdade, há cargos a serem desempenhados pela mesma pessoa e no mesmo local, há dezenas de anos, de tal forma que já não se sabe se os vícios são a causa ou são o efeito… Na área admistrativa, o assunto pode ser relativamente contornado e avaliado pela conveniência mas quando a função é susceptível de interferir nas políticas e na aplicação das políticas, pode sugerir complicações insanáveis, como o caso dos conselheiros técnicos. Alguns destes conselheiros que já viram desfilar seis e sete embaixadores, bem podem ser considerados Jeovás das Embaixadas, figuras portanto anquilosadas por inexplicáveis eternidades e que tratam das matérias como verdadeiros patrões bíblicos.»

(Pode citar casos concretos?) - «Basta confrontar o Anuário Diplomático de 1995 com o que o último e célebre Anuário elaborado por Martins da Cruz. Na verdade, se o Anuário da diplomacia portuguesa fosse anual, a eternidade dos nossos jeovás de embaixada não duraria mais de cinco anos…»

3. (Afinal o que aconteceu em banguecoque?) - «Não hesitamos em reafirmar que o embaixador Lima Pimentel foi alvo de uma daquelas ciladas tão reles que até o reles corporativismo delas cedo se arrepende. O ministro António Monteiro teve uma actuação digno no caso, o mesmo não se diga do secretário de Estado da Cooperação que perdeu uma excelente ocasião para continuar a estar calado.

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