07 janeiro 2005

Conclave. A coisa está como dantes.

A última coisa que as Necessidades dizem, aqui em Notas Verbais é a primeira a destacar-se: «Esta habitual reflexão anual não é aberta à comunicação social»...

É nesta coisa que está a novidade. As anunciadas 160 cabeças pensadoras – segundo o MNE elas contam-se «entre Embaixadores e quadros superiores do Ministério dos Negócios Estrangeiros» faltando certamente o Embaixador na Tailândia que estava em serviço em Lisboa - debatem hoje coisas sigilosas, altamente secretas e acima daquilo a que o cidadão tem direito a saber. Já nem sequer se ousa falar do dever de saber. Por isto, naturalmente que as portas do chamado Seminário Diplomático estão fechadas à comunicação social e até mesmo ao grupo de jornalistas que as Necessidades acreditaram no pressuposto de que franquearia as portas. Nada pior para o reclamado objectivo da auto-confiança, da auto-estima e da crença no País, até porque 160 personalidades é o número mínimo para garantir confidencialidade... Santo Deus que isto faz lembrar os tempos do Ruy Patrício e suas excelentes sequelas.

E afinal, em questão, não está alguma grande guerra em que Portugal esteja prestes a envolver-se implicando delicados segredos militares e muito menos o anúncio da descoberta da pólvora. Esse seminário orquestra-se em torno de debates sobre dois temas triviais: Portugal na União Europeia e Reflexão sobre a Política de Cooperação.

Os convidados para falarem da questão europeia são António Vitorino e Victor Martins, e para a política de cooperação, Adriano Moreira e Ernâni Lopes.

Pois que segredos haverá sobre a UE que Vitorino e Martins digam que a gente bem informada não saiba? E que poderá ser dito por Adriano e Ernâni sobre aquilo a que se insiste chamar política de cooperação, que a gente não suspeite, não tenha comprovado no terreno e não tenha sentido no circuito da burocracia do Estado onde pouco ou nada se fiscalize, se avalie e se balanceie?

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