A propósito da partida, de imediato, do embaixador Falcão Machado para Bagdad onde a missão diplomática portuguesa estava desguarnecida desde a partida de Luís Barreiros em Dezembro, vem o gabinete do primeiro-ministro dizer agora que deu instruções para o embaixador seguir já e já, que o processo foi despachado na segunda-feira e logo remetido para Sampaio mas que há acordo quanto à nomeação, por aí fora. Não se diz o principal.
1 – Teresa Gouveia, em Junho de 2004, não devia ter retirado Luís Barreiros de Bagdad sem ter a certeza de que outro iria para lá de imediato ou melhor – que algum diplomata se ofereceria para o posto... e que quem se oferecia tinha perfil, seria aceite em Belém e que portanto não seria mais um aventureiro da diplomacia. Luís Barreiros abandonou Bagdad em Dezembro, no próximo dia 1 de Fevereiro deve iniciar funções já como embaixador na Croácia e não tem responsabilidades na matéria.
2 – Com as eleições iraquianas à porta e com a GNR a contar os dias finais, seria uma vergonha para Portugal não ter em Bagdad um embaixador na plenitude.
3 – Bagdad é um daqueles postos nada, absolutamente nada apetecidos e nenhum MNE deste mundo, nenhum Primeiro-Ministro do Mundo ao lado, e muito menos nenhum Presidente da República que se julgue acima do Mundo, pode obrigar um diplomata a ir para Bagdad, à força. A última coisa a que o MNE poderia recorrer seria nomear alguém «imperativamente por conveniência de serviço»... Ora as funções de embaixador e para mais em Bagdad, é daquelas que não podem ser exercidas à força. As experiências de embvaixadores à força em África resultaram em situações lamentáveis e que se fossem conhecidas por inteiro deixariam o contribuinte de boca aberta. Assim sendo, depois da asneira de Teresa Gouveia e da era de perseguições de Martins da Cruz, a António Monteiro só restava aguardar que alguém se oferecesse, e além disso, que desse garantias de credibilidade e seriedade.
4 – Falcão Machado teve essa coragem e não precisa de Bagdad para se promover na carreira – é embaixador, chegou ao topo, é um diplomata respeitado. Dá um exemplo aos diplomatas mais jovens. Não tem nada a ver com essa meia-dúzia de génios enganosos cuja única coragem é a de andarem de gabinete para gabinete e que por tal coragem saltam quase de adidos para embaixadores...
5 - A coragem e espírito de missão de que Falcão Machado dá provas, é que o gabinete do Primeiro-Ministro deveria ter destacado. Afinal, ele vai talvez arriscar mais num só dia, do que 180 soldados da GNR em três meses. É a vida de diplomata - até a coragem tem que ser discreta.
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