04 janeiro 2005

Sócrates. Não percebeu ou não quis entender

Em matéria de política externa, Novas Fronteiras começam mal, mas no sítio certo, pela designação – a Alfândega do Porto, porque isto só dá para ironizar. Há fronteiras que apenas merecem uma boa alfândega e a do Porto é das boas. Pois, na sexta-feira (dia 8), os independentes do Fórum vão discutir, na cidade que já teve os mais importantes vice-reis da República, o novíssimo tema «Portugal na Europa e no Mundo», coisa que se discute desde D. Afonso Henriques mas que pouca gente tem sentido. Tema original, portanto. Na verdade, há dois anos que democratas – por entre eles, muitos diplomatas, especialistas de relações internacionais, observadores e demais curiosos alguns escribas – desgostosos com o que o PS foi e com o que o PSD foi sendo de mãos dadas com o PP, mas também não querendo embarcar nas brincadeiras do BE e muito menos nas marchas do PCP, enfim desejavam o mínimo que se pode desejar num País em que a sua política externa está aparentemente liquidada: esperança sem cangas, debate sem vínculos de mordomia, troca de ideias sem metas nas cadeiras de deputado, conclusões que os partidos (a começar pelo PS) registassem e tivessem em conta séria.

Pois que vai acontecer no Porto? José Sócrates fala a abrir, o senhor Poul Nyrup Rasmussen, Presidente do Partido Socialista Europeu (portanto tão independente como o secretário-geral do PS) continuará a falar antes de Alberto Castro, o Director da Faculdade de Economia da Universidade Católica do Porto que dará a vez a outro independente que mais não é que António Costa, havendo ainda um debate e conclusões com o não menos independente Jaime Gama, debate esse moderado pelo também incontroversamente independente e futurível MNE, António Vitorino.

No domínio da política externa portuguesa, isto não vai a lado nenhum. Quando muito, ficar-se-á a saber que Portugal está na Europa e no Mundo. Sócrates não percebeu ou não quis entender.

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