20 janeiro 2005

Universalidade de Portugal à vista. Exemplos...

E houve protestos de várias capitais, depois do alvitre dado a Moreira da Cunha para «observar» a próxima feira do livro de Teerão que certamente terá este ano mais do que o milhão e 800 mil visitantes de 2004.
Vários chefes de missão sentem-se marginalizados por NV não se terem lembrado deles e acusam-nos de fazer o mesmo que o Instituto Camões, organismo que, como sabe, tem a incumbência de liquidar a universalidade da cultura portuguesa, acabar com essa veleidade da lusofonia e aplicar um plano de atrofiamento da língua até à extinção do português. E o organismo está a executar isto tão bem desde há vários e tantos anos que NV apenas poderiam ficar surpreendidas com o coro de protestos dos embaixadores. De qualquer forma, aqui vão umas ajudas para a desejada extinção da nossa universalidade em que apenas uns poucos pândegos ainda acreditam:



Para a Missão Diplomática no Egipto.
Sim, no Cairo, de 26 de Janeiro a 8 de Fevereiro, é a 37.ª Feira Internacional do Livro.
Em 2004 teve 3 125 expositores e registou 4 milhões e 350 mil visitantes...
Fuja desta gente, oh embaixador no Cairo e nem uma palavra diga sobre isto às Necessidades a bem da extinção da nossa universalidade!

Para o Embaixador na Índia.
Exactamente, em Calcutá, de 26 de Janeiro a 6 de Fevereiro, a 30.ª Feira do Livro de Calcutá – 571 expositores em 2004 com 2 milhões e 500 mil visitantes...
OH embaixador em Nova Deli, nem se lembre de falar de Portugal e dos Portugueses em Calcutá! Uma simples presença nossa aí seria adiar o fim da Língua!

Para a Missão em Rabat.
Não será em Rabat, mas em Casablanca, entre 11 e 20 de Fevereiro, a 11.º Salão Internacional da Edição e do Livro de Casablanca, aqui tão perto, com França e Espanha no centro das atenções. Por favor, oh embaixador em Rabat nem tente sugerir que Portugal arme uma simples barraca que ainda iria proporcionar viagens para três secretários de Estado, cinco directores gerais e presidentes de três institutos, em dias separados por causa dos atritos. Contribua, por favor, para a nossa extinção!

Para a Embaixada em Telavive.
De 13 a 18 de Fevereiro, em Jerusalém, será pois a 22.ª Feira Internacional do Livro de Jerusalém. Por favor, nem fale de Portugal aos organizadores! Ajude a liquidação do português, nem que seja à pedrada contra os nossos escritores mais traduzidos porque quanto mais traduzidos mais pedrada merecem!


Na China. Singular caso.
Na China é que o imbróglio é apenas aparente. Está marcada a Feira Internacional do Livro em Taipé (Taiwan) entre 15 e 20 de Fevereiro que no ano passado registou escassos 300 mil visitantes (o que isto comparado com a feira do Porto?). Ora a forma mais eficaz de liquidar o Português e a Cultura Portuguesa na única China que o mundo esmagadoramente reconhece ter capital em Pequim, é participar em força na feira da Formosa. É isto o que o embaixador Santana Carlos deve fazer, contrariamente ao que se aconselha aos seus colegas de outras capitais – sem uma boa e forte participação na Formosa, o Português jamais será hostilizado e liquidado em Pequim. Mãos à obra que a liquidação está em marcha!

E em Tripoli? Há uma semana do livro científico em Beirute (primeira semana de Fevereiro);

E em Seul? Em Março, há a Feira do Livro Franco-Coreano onde o Português não deve meter prego nem estopa, o mesmo devendo acontecer no Festival Franco-Irlandês de Literatura, previsto para 15 a 17 de Abril, em Dublin.

Mas - nota final - possivelmente, o embaixador em Londres vai estragar a estratégia de liquidação do português com alguma acção para a Feira do Livro de Londres (13 a 15 de Março), tal como o nosso embaixador em Berlim talvez tenha a triste ideia de adiar a extinção da universalidade que nos resta com algum convite para a Feira do Livro de Leipzig (17 a 20 de Março) sendo certo que os inimigos da liquidação da nossa diplomacia cultural vão estar caídos aos cachos no 25.º Salão do Livro de Paris (18 a 23 de Março) para não falar dos cachos que vão cair na 42.ª Feira do Livro Juvenil de Bolonha (13 a 16 de Abril).... É triste, muito triste que estes embaixadores ousem fazer alguma coisa pela universalidade da nossa cultura inviabilizando assim e de uma penada, o excelente trabalho de liquidação em que tantos dos nossos conselheiros culturais já se empenharam firmemente.

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