25 fevereiro 2005

A Saia Larga. Diplomática e... consular.

NV vão retomar, neste fim-de-semana, a divulgação dos abonos de representação e dos abonos de habitação atribuídos pelas Necessidades aos diplomatas de carreira colocados em Embaixadas e Consulados. Há casos, em Espanha por exemplo, que são absolutamente exorbitantes e incompreensíveis.

Se, algum dia, fosse publicado, na íntegra, o que mensalmente embaixadores, cônsules-gerais e outros não-gerais, chanceleres, vice-cônsules, conselheiros, por aí fora... recebem, haveria de certeza mau estar geral dos contribuintes. Isto não invalida que quando o embaixador é bom ou que além de ser bom está numa missão de risco e de coragem, até devesse receber três ou quatro vezes mais! Ora acontece precisamente o contrário. E situação mais grave é quando há gente que chega às missões às 11 da manhã e sai às 13, cativa um carro exclusivamente para a mulher comprar alfaces e ir ao cabeleireiro, não consegue atrair um único investidor para Portugal e assim anda de quatro em quatro anos a fazer de Cardeal D. Henrique aos saltos por todo o mundo.

Também vamos dizer algumas coisas pouco agradáveis relativamente a determinados funcionários não-diplomatas, eternamente parasitados nos quadros locais de postos externos. Há reformas de oiro auferidas por verdadeiros analfabetos que são um insulto aos contribuintes portugueses. Há vice-cônsules, por exemplo, que ganham mais do que os cônsules, por vezes mais do que o dobro, fora os arranjos, para não falar do que, conforme o poder circunstancial, se esconde na saia larga da Inspecção Diplomática e Consular.

Mas também iremos abrir o pano para a situação clamorososamente injusta dos funcionários administrativos do quadro do MNE, muitos deles reduzidos ao limiar da pobreza.

E não há ministro que tenha tempo, vontade e poder de manobra para limpar esta situação de Portugal. Limpar.

Como é que o MNE pode fazer alguma coisa de proveitoso, de útil e com lucro, se o orçamento que tem apenas dá para pagar ordenados, abonos e suplementos e se os emolumentos cobrados nos consulados, em vez de serem reinvestidos num choque que, antes de tudo, devia ser ético e deontológico, se transformam na mesma filosofia corporativa dos fundos que não são mais do que sacos azuis?

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