No que diz respeito ao MNE, nada, nada justificará que a equipa que vai entrar para o comando das Necessidades não enfrente os problemas, não tenha soluções, não veja com olhos de ver o que e como Portugal deve mudar na sua actividade e imagem externa e que perante os milhões de portugueses que no exterior deixaram de acreditar,faça olhos de carneiro mal morto. Aliás, o Governo inicia funções no signo do carneiro!
Sócrates não se pode queixar: depois dos votos inequívocos e limpos, ninguém o incomodou na escolha dos 16 ministros, toda a gente aguardou com serenidade na parada. Melhor do que isto só a ordem unida da tropa! Não se pode queixar de nada, ninguém lhe complicou a vida. Escolheu quem preferiu e entre as preferências, mesmo a de Freitas do Amaral parece ter passado a prova ou a provação pública, com a história do retrato a ajudar - como se sabe e até está provado, o português não gosta das cenas de anás para caifás e do carnaval fora de calendário.
Também com esta delonga dos Secretários de Estado, Sócrates tem contado com idêntica lhanesa pública e carneiral serenidade. E no que diz respeito a Freitas do Amaral, tem isso correspondido a serenidade diplomática e sadia expectativa nos claustros - numa parte do Segundo Andar é que poderá haver algum nervoso, o Terceiro está calmo. Freitas, de resto, também é amplamente sortudo porque António Monteiro deixa-lhe a Casa sem escândalos políticos no topo e sem exercícios espúrios de vaidade. Melhor do que isto só numa messe de oficiais da tropa repleta de esposas a fazer tricot!
E uma paciência pública total também tem sido outorgada a Sócrates no que diz respeito a intenções, ideias de Governo. Ninguém lhe exigiria obviamente que plebiscitasse o Programa (escrutínio desse tipo é trabalho para os depuatdos...) mas já seria tempo de se conhecer linhas gerais, ideias-mestras ou grandes eixos - como se queira - para que este governo de ínclita maioria, afinal mude Portugal e para que todos nós, mortais, recuperemos a esperança. Ninguém se rebelou e até muita gente compreendeu como o indigitado ministro das Finanças «desapagou» - como dizem os informáticos - uma manifesta falta de coragem na campanha, em matéria de impostos. E no que nos interessa, também ninguém tem estado a sofrer lá porque Freitas do Amaral nem uma palavra deixa cair da boca sobre os grandes temas da política externa, as bicudas questões da acção diplomática e as gangrenadas veias e artérias consulares. Nada disse, nem sequer respondeu a provocações - no que fez bem provando ter capacidade evangélica - mas também não se justificou perante críticas no plano político fundamentadas, como de alguma forma ou por diverso expediente poderia ter feito.
Nas Necessidades não se espera por milagres, mas aguarda-se por um sermão político diferente, sem verbos de encher e sem peças de teatro.
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