Sócrates começa a assustar não naquele sentido, mas no outro. Alguém entende isto? Em termos diplomáticos, alguém poderá levar a sério que em algumas matérias da política externa, Sócrates come a assustar no outro sentido? Claro que não. Dizer isso é o mesmo que o próprio Sócrates afirmar agora, como acaba de o fazer, que «é preferível o silêncio à demagogia». É assim? Em política externa e na acção diplomática, a escolha está assim tão limitada a essas duas balizas, a do silêncio ou a da demagogia? É uma auto-justificação que começa a assustar. Sabemos como a diplomacia portuguesa tem uma histórica propensão para o silêncio e para a cultura do secretismo como se quem a convida tal diplomacia a falar e a esclarecer o fizesse numa atitude de excepção sediciosa contra interesses do Estado.
Ao que se saiba, o Governo ainda não voltou a ter a exclusividade do Estado como, outrora, no regime autoritário, se arrogava. E será bom que não se sita tentado por tal exclusividade ou não proceda como se a tivesse já, andando meio-Portugal distraído.
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