15 fevereiro 2006

Protesto contra protesto. Pouco mais

Carta de protesto na embaixada portuguesa em Terão,
convocação de embaixador e protesto em Lisboa


Esta III Declaração do chefe da diplomacia portuguesa, emendou de alguma forma omissões e acrescentos das duas declarações anteriores, emendando apenas. Foi sem dúvida uma declaração enérgica em termos diplomáticos e o caso não era para menos - há escassos dias, em Teerão, por causa das caricaturas, o MNE iraniano Manouchehr Mottaki entregara Cartas de Protesto em 16 embaixadas em Teerão, entre as quais a de Portugal. Possivelmente, o embaixador do Irão terá avaliado as duas polémicas declarações de Freitas do Amaral, não tanto como capitulação ou subserviência, mas como recuo interesseiro ou brecha ou mesmo vacilação tolerante. E, tendo ele verificado que, apesar da polémica produzida, as declarações de Freitas não suscitaram qualquer penalização política - antes pelo contrário, silêncio e lassidão - Mohammad Taheri ousou experimentar, experimentou mesmo dar mais um passo, desafiando, com os seus peregrinos cálculos sobre cremação de cadáveres, uma diplomacia que ele desejaria que estivesse já no seu campo, se é que já não pensava isso, daí os corânicos elogios ao «senhor Sócrates» e ao «senhor Amaral». Esse campo nada tem a ver com caricaturas ou com o holocausto. Naturalmente que a convocação de Mohammad Taheri às Necessidades, foi no fundo mais uma resposta à Carta de Protesto entregue na Embaixada de Portugal em Teerão, do que o início de um processo de advertência. Coisa paga pela mesma moeda ou por moeda equivalente - protesto contra protesto, pelo que o protesto em Lisboa nem chegou a ser «veemente». Será por enquanto inamiginável que Mohammad Taheri peça desculpas (como a Polónia quer) ou que Portugal faça subir o grau do protesto.

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