
Ora, sempre que há uma expectativa de novo ministro após demissão de outro ou por queda de governo, os diplomatas gastam horas a debater se próximo ministro deva ser político ou diplomata. Quase sempre, depois do desempenho ministerial por um diplomata, deseja-se um político - o que se compreende bem, a avaliar a colecção de vinganças pessoais consumadas e de represálias de grupos que daria já em bom museu nas Necessidades. Mas também, após uma gestão da Casa por um político, anseia a maioria por um diplomata, mesmo que este seja pior que as cobras - «Sempre é um diplomata! É sensível aos problemas da Casa!», é o que se ouve nos claustros da mesma Casa até ao torneio do próximo movimento ou até ao jogo das próximas promoções.
E com Freitas do Amaral? Entrou como político e chegou-se a ver nele alguns traços de diplomata. Todavia, nas últimas semanas, perdeu a patine de um político que a muitos até pareceu apto a uma caminhada para Belém, e, talvez como consequência disso, se traços de diplomata se procurava vislumbrar, esses traços desapareceram.
Sem o político e sem a sombra ou rasgos de diplomata, em Freitas ficou o jurista. Só que, na condução do MNE, aquilo de que Portugal precisa é de um político que faça Política – a Externa, a das Comunidades, a Europeia, a da Cooperação. Parece que Freitas como jurista, não gosta de fazer Política como acontece com todos os juristas, ou então perdeu o gosto. E assim, como jurista, faz leis quando devia fazer política.
Este despacho normativo que NV divulgam, naturalmente que, para além de estar descentrado, não resolve os problemas das representações do Estado no exterior onde há embaixadores que nem sequer têm secretária e muito menos dinheiro para apresentarem credenciais em países onde se devem apresentar, e onde há cônsules sem dinheiro ao menos para consertar uma janela.
Este despacho, a curto prazo, vai agravar os problemas, e vai deteriorar os frágeis equilíbrios nas relações humanas.
Há mais para dizer.
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