25 março 2006

Dar instruções, esperar encontro…... em vez de tomar a iniciativa, ir ao encontro do problema

Canadá. A propósito das medidas que podem afectar largos milhares de Portugueses no Canadá (poderão ser até 15 mil os afectados), primeiro foi um comunicado oficial, sem sentido político, desprovido de substância e com redacção apressada para fim-de-semana; depois, a sublinhar a ligeireza, as declarações do próprio ministro que, perante a gravidade da situação, se limita a dizer que deu instruções para que, que pediu aquilo e que se quer encontrar com, à margem de alhos que nada têm a ver com bugalhos. - assim mesmo, como refere a TSF: «O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu também ter dado instruções no sentido de ter um encontro com o homólogo canadiano na reunião industrial da NATO, que se vai realizar em Sofia, a 27 e 28 de Abril próximo»…

Claro que o embaixador de Portugal no Canadá, Silveira de Carvalho, outra coisa não poderia declarar que, pela parte que lhe toca e sobre a hora, vê que o pedido do ministro «será dificilmente concretizado, porque as autoridades canadianas são inflexíveis» e que «pouco ou nada tem conseguido» por essa mesma inflexibilidade. «Até ao momento, as respostas que tenho obtido vão no sentido de que a lei no Canadá não pode ser alterada, pelo que não haverá nenhuma flexibilidade», advertiu João Silveira de Carvalho.

Nestas circunstâncias, estando potencialmente em causa 15 mil portugueses, a maior parte dos quais oriundos do Açores cujo governo regional já reconheceu não ter condições para enfrentar as consequências da deportação em elevado número, não seria este o momento do ministro ir ao local da decisão, ao local da negociação, ao local do problema e ao local da solução - ir ao Canadá e ir aos Açores ? Não seria este o momento de o ministro dos Negócios Estrangeiros tomar iniciativa, agir, provar que é negociador (o cargo é para isso) e de o ministro de Estado mostrar que, no momento exacto, se apercebe das razões de Estado (algo que não compete em primeira linha aos Açores) ?

Ora, segundo parece, o ministro prefere continuar com um misto de visão majestática e catedrática de um cargo em que Portugal, antes de tudo, precisaria de um decisor político, de um diplomata actuante, de um negociador sábio e de um moderador sagaz. Não está a ser o caso e é um desapontamento.

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