12 março 2006

Per Stig Moller e DFA... Depois disto, que concluir?

Copy and paste. Sim, basta transcrever o texto que a TVI divulga, com base no despacho, a partir de Salzburgo, do jornalista João Maia Abreu, correspondente daquela estação - é um documento relevante para se perceber onde chegou ou como se enredou a diplomacia portuguesa: o MNE da Dinamarca, Per Stig Moller, a desdizer o MNE português, um ao lado do outro, deixando o MNE português sem resposta.

Leia-se:

«As polémicas declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros sobre a crise das caricaturas de Maomé continuam a provocar mal-estar. Depois de ter dito, na Assembleia da República, que a violência de grupos muçulmanos contra interesses dinamarqueses era compreensível e de, esta sexta-feira, ter chamado «ignorante» a quem não percebeu o que disse, Freitas do Amaral socorreu-se, este sábado, do homólogo dinamarquês, Per Stig Moller, para mostrar que há entendimento entre os dois países.

A ideia da diplomacia portuguesa era mostrar entendimento entre Lisboa e Copenhaga. Na crise dos cartoons, o primeiro comunicado de Freitas do Amaral a 07 de Fevereiro condenava as reproduções de Maomé, mas nada dizia sobre os actos de violência a que foram sujeitas as representações diplomáticas da Dinamarca um pouco por todo o mundo árabe. Na semana passada, Freitas condenou, mas disse que compreende a violência dos muçulmanos.

Fortemente criticado internamente e depois de chamar «ignorantes» a quem não percebeu as suas declarações no Parlamento, Freitas resolve socorrer-se do seu homólogo dinamarquês. Mas, pelos vistos Per Stig Moller estava longe de conhecer o teor das declarações do ministro.

«Estamos muitos contentes com o apoio demonstrado pelo Governo português à Dinamarca», disse o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês.

Perante a insistência do jornalista da TVI, que quis saber se Stig Moller não considerava estranho que o ministro português viesse dizer que compreendia esse tipo de violência, o governante dinamarquês respondeu: «não, ele não disse que era aceitável. A violência não é de todo compreensível».

Freitas do Amaral sentiu mesmo necessidade de esclarecer: «o que eu disse é que era condenável, mas que se compreendiam as razões devido à provocação que tinha sido feita».

«Bom, para nós não é compreensível. Nem se pode aceitar que se incendeiem embaixadas, mesmo na II Guerra Mundial, as embaixadas não foram atacadas. Foi o que eu disse a todos os países árabes, onde as nossas embaixadas foram incendiadas, e também no Irão. Porque se incendiarmos a diplomacia, não há mais diplomacia, nem diálogo, nem a possibilidade de haver diálogo entre culturas. Não é aceitável de forma alguma», respondeu Per Stig Moller.

A intenção da diplomacia portuguesa saiu gorada. Já que, apesar de Portugal ter mostrado apoio total, para a Dinamarca a palavra «compreensão» não se aplica aos actos de vandalismo, destruição e terrorismo, de que Copenhaga foi alvo nos últimos meses.»

Sem comentários: