Àparte caridades. O Estado só lucraria com o esclareciemnto cabal de quanto recebiam em concreto os conselheiros e adidos demitidos, e quanto recebem os conselheiros e adidos mantidos em funções - salários, abonos e, nos casos de mudanças de posto, despesas com transferências que envolvem verbas que não são de desprezar. Ao justificar por razões orçamentais o corte inicial dos 39 conselheiros e adidos, e depois de, na audição parlamentar, se ter zurzido, em função dos vencimentos, nessas figuras que até há pouco sempre se tinham mantido longe das atenções da opinião pública portuguesa e como que protegidas por estranhos biombos nas embaixadas, representações e consulados, o MNE deveria sentir-se no mínimo com a obrigação de apresentar relatório objectivo e fundamentado em matéria de contas. Para se citar modelos que a tantos inspiram, as administrações dos EUA, da Inglaterra ou da Alemanha não hesitariam em fazer isso, caso surgissem nesses países as dúvidas que em Portugal acabaram por vir à luz do dia, em boa parte pela prestação e responsabilidade do próprio ministro que agravou as dúvidas ao oferecer-se para acções de caridade compensatória.
A Direcção Geral do Tesouro, entidade que emite os cheques, sabe o que isto quer dizer. Sabe, por exemplo, que emitir cheques mensais de 13 mil e tal euros para salários a sul do equador, é demais. E o contribuinte normal, se não sabe, devia saber que o País, a continuar assim, não aguenta - a cada dia, estamos a fazer um Estado que não resolve os problemas, apenas paga privilégios enquanto conseguir pagar, porque também, com esta continuada cultura de mordomia, se conseguisse pagar mais, mais pagaria. Candidatos e clientes deste vórtice de verbas não faltam, mas não são todos. E aqui está o maior erro do ministro nesta história - lançou o labéu contra todos, mesmo contra os que assumidamente favoreceu, ainda que o tenha feito com o melhor fundamento e boa intenção.
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