09 abril 2006

"Ausência oficial". Explicações para DFA não ir ao Luxemburgo

Briefing extraordinário. E não é que estamos com Jules Renard quando observou que há pessoas tão aborrecidas que nos fazem perder um dia inteiro em cinco minutos?

1 – DFA/ausência oficial
2 – DFA/agenda/Luxemburgo
3 - Teoria da "conspiração" anti-Freitas

(Senhores e senhoras, obrigado pela vossa presença neste briefing extraordinário, o segundo de hoje, quem perdeu o primeiro alta madrugada clique AQUI, que não lhe doa o dedo. Para já, uma breve declaração prévia: DFA está ausente, amanhã, da reunião ministerial da EU, no Luxemburgo; faz-se representar por Fernando Neves pelo que se todos os Estados membros assim procedessem não teríamos uma reunião ministerial mas uma reunião secretarial. Perguntas, se faz favor, esperamos não ser aborrecidos, são apenas cinco minutos).

1 – (Esta ausência, mais uma ausência, estava já prevista ou foi inesperada? Que motivos DFA invoca desta vez? Falta de querosene?) – Agradeço-vos que formulem as perguntas com lhaneza, com respeito recíproco pelos símbolos e sem motejar com desprimorosas referências à nossa crise energética.

(Com certeza, desculpe. Não queríamos motejar, desculpe.)

Está desculpada, minha senhora. Respondendo ao essencial da sua questão, apresentamos-lhe as explicações oficiais desta ausência, anote:

Hoje, 9 de Abril, o Jornal de Notícias, sobre a matéria, transcreve da boca oficial de DFA, as seguintes e precisas explicações:

Que DFA

- não vai “por cansaço”
- “por ter estado 15 dias ausente do País, no Canadá e em Luanda”
- por a agenda da reunião “não ter nenhum interesse”
- por “só um terço dos ministros comparecer, por ser a semana de Páscoa”
- porque, nesse dia, o MNE “é primeiro-ministro”, com Sócrates em Paris e Costa de férias no Egipto

Outro jornal, o Correio da Manhã, também na edição de hoje, sobre o mesmo assunto, especifica:

Que DFA “substitui José Sócrates, pois o número dois do Governo, António Costa, ministro de Estado e da Administração Interna, encontra-se de férias” mas que “já devido ao facto de Costa estar de férias, quem presidiu ao Governo, durante a viagem de Sócrates a Angola, foi o ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos”

Espero que a senhora fique elucidada com estas explicações sobre a ausência oficial de DFA no Luxemburgo...

(Desculpe a interrupção, posso?) – Pode.

(Era conhecida a figura da visita oficial ou da deslocação oficial, mas essa da ausência oficial, é que não. Temos inovação?) – O senhor é que está a dizer isso. Como sabe, DFA é um eminente jurista e não iria cometer o erro de cometer uma ausência não oficial.

(Mas Teixeira dos Santos dirigiu assim tão mal o Governo que, desta vez não o possa fazer?) – Essa pergunta deve ser feita a Teixeira dos Santos e não a António Costa que não pode nem deve ser interrompido nas Pirâmides.

(Por quantas horas, DFA é primeiro-ministro?) – Por meia dúzia de horas. Mesmo cansado, DFA aguentará isso bem, muito melhor que uma estafante viagem ao Luxemburgo que, aliás é um Estado amigo de Portugal tanto mais que tem pago pontualmente o aluguer das instalações onde o nosso Centro Cultural Camões tem funcionado, assunto que, como sabe, Portugal oficialmente contestou mas que não poderia perturbar a agenda da reunião ministerial da UE.

2 – (E qual é a agenda da reunião para que Lisboa oficialmente tenha dito que não tem interesse?) – Vai haver uma decisão sobre a suspensão da ajuda financeira da União Europeia ao governo palestiniano do Hamas, já concertada a nível de altos representantes, mas este é um assunto menor. Um terço de ministros da União basta para tratar de assuntos menores como esse.

(E não vai ser debatida a proposta austríaca para uma reunião ministerial extraordinária para debater o estado do Tratado Constitucional da Europa? Não tem interesse?) – Sem interesse nenhum, nenhum.

3 - (Constou por aí que há muita gente, foi dito mesmo muita gente, a conspirar contra DFA. Confirma?) – Confirmo. Pois quem diz que DFA está cansado, não conspira? E quem diz que a reunião do Luxemburgo não tem interesse, não conspira? E quem diz que DFA esteve 15 dias no Canadá e em Luanda, não conspira? E quem não reconhece que DFA tem direito a pertencer aos dois terços de ministros ausentes do Luxemburgo, não conspira? E quem está contra que DFA seja primeiro ministro por seis horas, para evitar novo mau desempenho de Teixeira dos Santos, não conspira? E opinar, o simples opinar que DFA é um dos remodeláveis, não é uma conspiração? Com toda a franqueza, pensamos que o próprio DFA conspira contra ele próprio e que o seu alter ego contra ele próprio conspira. Aliás, sempre que o cansaço sobe ao patamar oficial, é uma conspiração.

(Isso é vago! Dê-nos um exemplo concreto dessa conspiração, se faz favor, um exemplo oficial!) – O melhor exemplo e o mais concreto é que pessoas tão aborrecidas que nos fazem perder um dia inteiro em cinco minutos.

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