Um biólogo, Conselheiro Social? A propósito de ter sido nomeado conselheiro social para Otawa (rumando agora para Toronto) um biólogo que sempre tratou de questões do ambiente e que, por isso, desconhecerá o dossier da Emigração, das Migrações para o Canadá e a biobliografia própria de conselheiro social, e que podendo ser um excelente especialista de ambiente e até um grande biólogo, mas que à partida não se lhe vê perfil técnico de conselheiro social, vem a propósito lembrar considerandos recentes de Vera Jardim.
Pois no parlamento, Vera Jardim sugeriu um tanto reverencialmente frente a Freitas que, nas mais das vezes, são nomeados conselheiros/adidos paras embaixadas sem as qualificações adequadas às tarefas que vão desempenhar. Vera jardim fez a constatação a pretexto de elogios à anunciada criação da carreira técnica de conselheiro/adido com ingresso por concurso público.
É claro que haverá por aí uma ligeira confusão – confusão entre o que é função/cargo e o que se pode entender por carreira especializada. A função/cargo é a de conselheiro/adido, todavia as especialidades são muitas, variadas e com exigências distintas de especialização para especialização. A questão justifica oportunamente alguma reflexão, tratando-se de matéria que nas Necessidades raramente foi ponderada com rigor na hora de despacho de cada nomeação, por regra decidida conforme conveniências circunstanciais, influências anormais e interferências habituais. O próprio ministro DFA as reconheceu e chamou-lhes cunhas, palavra que não se ouvia desde Martins da Cruz a outro propósito jamais bem esclarecido ou totalmente esclarecido.
A questão, pois, independentemente de concurso ou não, é a do critério de escolha.
É impensável, por exemplo, nomear-se como adido militar, um oficial de Marinha para uma embaixada em País que ou não tem marinha, ou não tem mar, ou cujas questões militares implicam forças terrestres e meios aéreos…
O mesmo acontecerá na área cultural, sendo impensável a nomeação de um conselheiro ou adido cultural que não conheça um músico, um pintor, um escritor, ou que não tenha lido um livro há vinte e sete dias... ou que não conheça bem, com provas dadas, quer a cultura do país que envia quer a cultura do país que recebe a configurar interesses recíprocos que também desconhece. Exige-se para tais funções, acima de tudo um especialista e, além disso um especialista que, com sensibilidade, saiba fazer e organizar as coisas, conhecendo-as.
E o mesmíssimo se deve dizer dos conselheiros sociais, cujas responsabilidades agora, segundo parece, foram redescobertas, em função do que aconteceu e acontece na Holanda e também no Canadá.
Ora, segundo os maus hábitos do porreirismo nacional, patrioticamente cultivado a honrados níveis, o diálogo que precede convites e nomeações de uns tantos «especialistas» não anda longe do «Oh pá, as funções são fáceis, aquilo é normal, pá! Em dois dias estás inteirado, haverá um caso mais bicudo mas desenrascastes facilmente, pá! Certo, pá?», e fica nomeado.
O caso do Canadá, não se entende.
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