Briefing da Uma. «Dizer propositada e intecionalmente o contrário do que se pensa, apenas reforça o princípio do contraditório» - anónimo.
1 – A greve do dia 9
2 – Diplomatas versus MNE
3 – Declaração final (muito importante)
1 – (Os trabalhadores dos serviços externos do MNE marcaram uma greve para o dia 9 de Junho, véspera do Dia de Portugal e de muito futebol político na Alemanha. No entanto, os chamados jornais de referência têm sido discretos e até mesmo omissos sobre os motivos invocados para essa greve. Pode explicar?) – Se os senhores dizem que há silêncio ou omissão, a culpa é do sindicato dessa gente externa que não contratou uma agência de comunicação para comunicar…
(Os motivos invocados para a greve não deixam o MNE bem colocado…) – Como assim? O MNE, este MNE fica até muito bem colocado desde que a greve não se estenda à selecção de futebol que já é o principal eixo dos serviços externos portugueses! Neste aspecto, a situação está controlada com as mais que prováveis promoções de Scolari a ministro plenipotenciário e de Cristiano Ronaldo a conselheiro com valores acima dos de Manuela Franco.
(Mas os motivos invocados são fortes…) – E o senhor a insistir! Fortes o quê? Se não foi executada a actualização dos trabalhadores externos relativa a 2005, como o sindicato reclama, e se nem sequer foram negociadas as actualizações dos trabalhadores contratados em 2001 e a geral em 2006, como também não foi feita a compensação em IRS dos trabalhadores contratados, quer portugueses, quer não portugueses sujeitos ao respectivo imposto local, isso não mostra e não prova que o MNE se comporta como um empresário moderno, dinâmico e profundamente humanista?
(Todavia, o trabalho extraordinário não autorizado…) – Que mal há nisso? O senhor acha mal que o MNE exija trabalho extraordinário não autorizado e compensado nos termos da lei? O que é isso de lei? Hoje em dia, nenhuma chancelaria moderna cumpre a lei e Portugal não pode perder o comboio.
(Mas, segundo consta, o MNE mantêm trabalhadores contratados sem protecção social…) – Outra patranha e outra intriga! Hoje, apenas nos países islâmicos fundamentalistas é que se contratam trabalhadores sob garantias de protecção social! Portugal é um Estado moderno e os trabalhadores têm que compreender que o seu sacrifício é imprescindível. Essa de contratar trabalhadores com protecção social é de um nacionalismo bacoco, na expressão patenteada honrosa de um actual ministro. E já agora, antes que os senhores se arvorem em defensores do sindicato e da greve, adianto-vos que se o MNE não procede à devida acreditação dos seus funcionários externos junto das autoridades locais, só faz bem em tempos de profunda convicção iberista, na expressão igualmente honrosa e identicamente patenteada de outro actual ministro. Assim é totalmente correcto que a relação laboral com os trabalhadores nos Centros Culturais do Instituto Camões, quase todos mantidos sem segurança social, não seja enquadrada legalmente. Mal de Portugal, da cultura e língua portuguesa, se algum dia essa gente, toda ela nascida em Badajoz, tiver segurança social.
(Bem, o senhor está hoje claramente a favor do Terceiro Andar. Pode garantir-nos que está a falar neste briefing livre de coacção e de chantagens?) – Totalmente livre. Garanto-vos. Pois o que é isso do sindicato, também como motivo de greve, protestar contra o facto de não serem assinados os contratos individuais de trabalho com os trabalhadores nas residências dos embaixadores? Essa gente não percebeu que os contratos de trabalho pertencem à pré-história? Não percebeu que a modernidade está em chegar ali, contratar a olho e apalavrar, tarefa muitas vezes tão bem desempenhada pela cônjuge do embaixador?
(Mas, parece que está provado que, desde 2001, não se procede à classificação legalmente exigida de serviço/avaliação de desempenho dos funcionários externos, condição imprescindível à evolução na carreira… ) – E essa gente pode alguma vez ser avaliada? O MNE só faz bem em mandar para as urtigas as exigências legais que são um atraso de vida! Se não vejam com o que se passou com alguns conselheiros ‘especialistas’ ou ‘técnicos’… As exigências legais têm que se moldar em função das chantagens, das mordomias, dos acordos de compadrio e das conveniências de serviço político. É isto que torna uma democracia saudável!
(Pêro, senhorr, disapareceran todalas acciones de formacion profissional de los funcionarios de exteriores, derecho cada vez mas imprescindível e concatenado a modernização de una Administração Pública que funcione por objectivos…) – Você é catalão?
(No, yo soi bielorrusso, de la radio-tv de Minsk, me desculpe el portugnol.) – Está perdoado. Se fosse catalão teria a resposta adequada, mas como é da Bielorrúsia pertence a um país que tal como Portugal valoriza acima de tudo o autodidactismo e a formação espontânea. Portanto, no MNE português quem não quer ou não pode aprender por si, deve ir à vida.
(É verdade, como diz o sindicato, que não são abertos concursos de ingresso há mais de seis anos, provocando graves carências de recursos humanos?) – Já agora complete a pergunta com o que eles dizem, que tais alegadas carências de recursos humanos serão precariamente colmatadas pelo progressivo e ilegal recurso a centenas de contratados a termo certo e a falsos prestadores de serviços – e, subsequentemente, o envelhecimento e a desmotivação do conjunto dos trabalhadores dos quadros… Isto é falso! Os contratados a termo certo são trabalhadores seguros, tanto que cada um deles vai possuir pulseira electrónica para rápida localização a qualquer hora do dia e da noite, solução moderna que os trabalhadores do quadro até agora sempre recusaram. A culpa é deles.
(Hoje não se pode fazer perguntas ao senhor.) – Aguardem pela importante declaração final.
2 – (Falou há dias de críticas dos diplomatas à reestruturação do MNE e não só. Porque se calou?) – Essa matéria, se me permitem, fica para o briefing de amanhã. Certo? Posto isto, tomem nota da seguinte Declaração Final do briefing de hoje.
(DECLARAÇÃO FINAL) – Por motivos alheios mas para desconforto de dois ou três mentirosos compulsivos, aqui se diz com toda a clareza e sem equívocos, que, sobre todas as matérias expostas, o responsável do briefing pensa exactamente o contrário de tudo o que afirmou.
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