Forma e conteúdo. As declarações do Presidente Armando Guebuza, publicadas pela imprensa moçambicana, estão a cair mal nos meios que seguem o dossier de Cabora Bassa. Guebuza, ainda em Bissau e antes de rumar para Paris (onde asssinou um acordo quadro de cooperação que prevê um investimento francês de 60 a 80 milhões de euros até 2010), fez declarações que os observadores interpretem como imputando má-fé a Portugal no processo de reversão e transferência do controlo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, na sequência do Memorando de Entendimento assinado em Lisboa a 2 de Novembro de 2005. Na sequência deste memorando de entendimento e que é apenas um memorando, delegações (a nível de Finanças) de Portugal e Moçambique reunidas em Maputo (17 de março passado) deram por concluídas as negociações sobre esse processo de reversão e transferência, acordando remeter para data posterior não fixada a assinatura formal, em Moçambique, dos documentos finais das negociações.
Guebuza, depois referir que no memorando de entendimento com Lisboa "foram definidos prazos que hoje não estão a ser cumpridos" , rematou: "nós (Moçambique) sempre trabalhamos na boa-fé e nesta mesma base avançámos convencidos que havia condições para ser assinado o acordo. Só que neste momento, Portugal diz que ainda há diligências por fazer". Antes, porém, Guebuza garantiu ter discutido o caso, em Bissau, com José Sócrates, e que este o informara que Portugal não estava em condições de assinar o acordo final porque haverá diligências a fazer, mas que, tendo em conta o memorando negociado com Portugal, Moçambique só esperava que este país pudesse honrar os seus compromissos o mais depressa possível. E depois, a talho de foice: "Eu não negociei com a EUROSTAT, nem com a União Europeia, negociei foi com Portugal e é deste pais que espero a resposta."
Sabe-se que, antes da cimeira de Bissau, houve intensa diplomacia paralela em Lisboa, por parte de representantes de interesses moçambicanos. E em matérias como estas, quando se interpõe a diplomacia paralela, o caminho complica-se. Alguns passos dessa diplomacia paralela foram nomeadamente conjugados com perpecpionadas movimentações de Augusto de Carvalho, e porque por agora basta, ponto final, parágrafo.
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