11 julho 2006

Descargo de consciência, não. Visão aristocrática do exercício do poder

Sindicato teve alta antes da greve. Dois dias antes da greve nos serviços externos do MNE (9 de Junho), Freitas do Amaral assinou (a 7) uma portaria e um despacho conjunto que actualizam as remunerações de 2005 do pessoal dos Quadros dos serviços externos do MNE (vinculados e contratados), reivindicação que foi um dos pontos centrais da reclamação sindical… Apenas hoje, com a publicação na folha oficial, é que o sindicato representativo tomou conhecimento desse acto do ministro, sendo assim, um acto pela calada.

Perante isto e com esta surpresa de segunda série embrulhada no Diário da República, considera o sindicato que «Freitas do Amaral teve um descargo de consciência antes de sair do cargo». Talvez não. Foi apenas mais uma manifestação secundária da visão aristocrática do exercício do poder, que, em diversas ocasiões e diferentes circunstâncias, vitimou politicamente Freitas do Amaral que ganha brilhantemente causas na substância e perde nos pormenores. Pois o que custaria ao ministro, em vez da célebre carta intimidadora, chamar os servos da gleba e dizer-lhes de viva voz: «Tendes razão, que saiais com a certeza de que iremos assinar uma portaria e um despacho que muita satisfação vos dará. Ide em paz que em paz vireis até nós sempre que tal vos aprouver»? Não custaria nada, e talvez até nem tivesse havido greve, pois o resto dos protestos são matéria conversável, com calma e caldos de galinha, a saber:

  • uma actualização de 2001 atrasada (para os contratados)
  • marcação de negociação para o ano corrente
  • concursos para provimento, em numerosos Postos, dos lugares vagos de Vice-Cônsul e Chanceler
  • direito à progressão na carreira dos Administrativos e Técnicos
  • formação profissional
  • ponto final no uso e abuso das admissões a título precário para prover necessidades permanentes dos se

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