03 agosto 2006

Angola/História. MPLA/Visão holandesa...

Explicação do inexplicável. Pode ser lido em NOTAS FORMAIS o que foi divulgado no site da UNITA. Trata-se de um registo noticioso, tão interessante quanto polémico, sobre um seminário promovodo pela Embaixada da Holanda na capital angolana destinado a sopesar a contribuição desse país para a independência de Angola - designadamente o apoio holandês ao MPLA antes da independência e a concomitante recusa de suporte à UNITA por parte do Comité Angola, organização holandesa dirigida por Sietse Bosgra, especialista em física nuclear. O próprio Sietse Bosgra, que esteve presente no seminário, segundo o registo, garantiu ter contactado com Jonas Savimbi na Suíça, mas que a sua organização não prestou ajuda à UNITA porque "Savimbi não recusava apoios mesmo que viessem dos americanos e os americanos apoiavam os portugueses. Por isso preferimos apoiar o MPLA".

Não é verdade. O Comité Angola holandês acorreu a apoiar o MPLA quando a União Soviética passou a cumprir os termos da Acta de Viena, assinada pelos representantes de Moscovo e de Washington junto da Conferência para o Desarmamento, e também pelo então MNE português Rui Patrício. Por essa Acta (divulgada na íntegra e em fac-simile, pela extinto semanário Réplica, em 1977) ficou acordada pelas duas superpotências a divisão de influências na África colonial portuguesa, ficando Angola na esfera norte-americana. Moscovo obrigar-se-ia a não fornecer armamento nem sobresselentes ao MPLA que, gradualmente, passou a ficar desarmado, o que era praticamente um facto quando estalou o 25 de Abril, com algumas patentes miltares portuguesas, a quem os termos da ACTA foram sonegados, a julgarem ter conseguido algum patamar de vitória - o honestissimo e corajoso general Silva Cardoso, em suma, prefere dizer que algo de inexplicável se passou - quando tudo já estava decidido e acordado, sendo apenas uma questão de tempo e de jeito. A Holanda entra nestas circunstâncias - aproveitou-se.

Algum dia, publicaremos aqui o documento.

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