Briefing. «O verbo-de-encher não tem conjugação», ninguém pensou mas sabe-se.
1 – Novidade sem nada de novo
2 – O género e a espécie das agendas
1 – (O Ministro Amado, em Atenas, está a apoiar a criação do Grupo MED, Med de Mediterrâneo. Comentário!) – Novidade haveria se não apoiasse.
(É mais um grupo de concertação política dos sete, por ora?) – Novidade haveria se não fosse de concertação, e mais novidade haveria se, não fosse para a abordagem de interesses comuns, expressão a que o comunicado oficial do MNE acaba de recorrer.
(Abordagem?) – Sim, abordagem. É um termo próprio de mar e estranhem que muito brevemente se ouça gritar em cada meia-milha do Mediterrâneo – Abordagem! À abordagem! Claro que cada uma das quatro abordagens pela Espanha, França, Itália e Grécia serão diferentes das abordagens de Chipre, Malta e Portugal, os três Estados que não têm deveras qualquer interesse na disputa de hegemonia no Mediterrâneo, hegemonia conhecida pela sigla PEV, Política Europeia de Vizinhança...
(Não brinque! O comunicado oficial deve ter dito mais do que isso) – Novidade haveria se não dissesse, designadamente que a UE tem responsabilidade e interesse acrescidos com os países do Mediterrâneo, citamos, quer pelos compromissos políticos e económicos assumidos, quer pela sua importância para a segurança e estabilidade na Europa, citamos, terrorismo, migrações, energia, etc., sobretudo o etc. citado, que não é nosso - é um etc.-oficial.
(Mas, resumindo e concluindo, o que se pretende da UE para o Mediterrâneo?) – Como diz o comunicado oficial, será necessário assegurar que o apoio financeiro da UE a esta região seja consentâneo com: os laços políticos já existentes; com as expectativas e compromissos criados por esta politica; a importância da região para a segurança e estabilidade da UE; com o próprio peso demográfico das suas populações; e com…
(Ah! Não diga mais! É suficiente, basta. Tudo vai dar no cacau, pedir cacau!) – A expressão é vossa, não é nada diplomática, mas no fundo é isso – cacau, a UE deve dar mais cacau para o Mediterrâneo.
(E então…) – Então, como se afirma já no comunicado oficial, a Presidência portuguesa da UE, no segundo semestre de 2007, procurará valorizar particularmente o fortalecimento das relações da Europa com as regiões mediterrânicas vizinhas – o Médio Oriente, o Norte de Africa e o Magreb – contribuindo mais intensamente para o estabelecimento da paz, da estabilidade e para o desenvolvimento de todas estas regiões.
(Novidade haveria se não contribuísse, agora dizemos nós) – Estão satisfeitos? Querem perguntar mais alguma coisa?
(Pá! K’modos, pá, de impigir comunicado oficial, pá, di postura oficial face ò knão sabe-se em geral no processo em perspectiva, pá. Kal novidade, pá?) – Bem! Se você não fosse um jornalista da CPLP licenciado pela Universidade Nova, seria expulso da sala. Mas não repita! Mais alguma pergunta?
2 – (Agendas! Agendas de NV tanto gostam! Alguma coisa de agendas de hoje e de amanhã, 13, com cheirinho internacional, nas capelas do poder, alguma coisa?) – Para já, anuncio-vos que iremos retomar a rotina possível da Agenda Diplomática de Lisboa que dá algum trabalho mas não pesa no Orçamento de Estado. Quanto à vossa curiosidade, hoje, o Presidente da República recebeu delegações das Conferências Episcopais das Igrejas dos Países Lusófonos (NV gostariam de ser mosca e ouvir), e conversou com o ex-Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso (NV gostariam de ser caipira e observar). Amanhã, 13, Cavaco recebe o Secretário-Geral da Cimeira Ibero-Americana, Enrique Iglesias. Pelas bandas da AR, Jaime Gama presidiu hoje à sessão comemorativa do 30º aniversário da adesão de Portugal ao Conselho da Europa - Sala do Senado, tendo-se seguido o célebre almoço – aliás a comezaina tem sido sempre uma Razão de Estado, nem se percebe porque não haveriam de almoçar. Finalmente pelo Governo, para além de que António Braga continua em Luanda e de Amado em Atenas hoje, já sabem, de Cravinho amanhã com os argumentos da China para a OMS, também já foi dito, devendo Sócrates, também amanhã e antes de Cavaco, conversar com Enrique Iglésias que o Portal do Governo designa por “Secretário-geral Ibero-Americano”… Ainda amanhã, destaque para a sessão de encerramento da Conferência Internacional «Estratégia e Segurança na África Austral», organizada pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e pelo Instituto Português de Relações Internacionais, onde Nuno Severiano Teixeira deve dizer alguma coisa, nunca se sabe. Portanto, em matéria internacional, tudo muito calmo até domingo quando, em Palmela, actuar a Banda Filarmónica de Olivença que deve tocar melhor que a Comissão Internacional de Limites entre Portugal e Espanha.
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