Pela importância, o discurso do Presidente da República está para os devidos efeitos arquivado em Notas Formais onde a caixa de comentários está à disposição.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
06 outubro 2006
Discurso de Cavaco. Assenta que nem uma luva no MNE
Começa o muito sim, Senhor Presidente por aí. O discurso de Cavaco Silva a propósito do 5 de Outubro, não foi só uma surpresa, foi sobretudo uma pedrada no charco. Claro que o Presidente da República poderia ter escolhido a via fácil de um discurso com considerandos curilíneos, ou com avisos de dois bicos proféticos de Pitonisa, ou mesmo até, mais comovente, com poesia dos tais passarinhos que fazem sues ninhos com mil cuidados. Não escolheu essa via, Cavaco foi direito ao assunto da corrupção e do tráfico de influências e falou em directo aos destinatários - os titulares de cargos públicos, não apenas os titulares de cargos políticos. O MNE, sobretudo os seus serviços externos - embaixadas e consulados - não pode nem deve isentar-se da interpelação a que o Presidente convidou todos os Portugueses que façam. E não convidou apenas - convocou. Na verdade, por essas embaixadas e consulados, têm havido e continuam a haver, pegando nas próprias palavras de Cavaco, sinais que nos obrigam a reflectir seriamente sobre se o combate a esse fenómeno tem sido travado de forma eficaz e satisfatória, seja no plano preventivo da instauração de uma cultura de dever e responsabilidade, seja no plano repressivo da perseguição criminal. Mas a questão é mais grave quando não existem apenas sinais mas factos - factos sobre os quais se passa uma esponja como se os serviços e representações externas fossem lugares de excepção impune do Estado. Não admira que os visados comecem por aí, eles mesmos para resseguro da impunidade e não por consciência limpa e alma isente, comecem por aí com muito sim, Senhor Presidente.
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