01 dezembro 2006

Portugal-Castela. História à medida e conforme

Farofa. E eis que um historiador espanhol, Rafael Valladares, em livro já a circular, vem defender que 1640 apenas «foi uma revolta das elites portuguesas, principalmente uma parte da nobreza e da Igreja, que viam os seus privilégios, e 'liberdades' como eles diziam, atacadas pela política reformista de Filipe IV». Daqui se inferirá que as elites portuguesas que rodeavam Filipe IV não tinham privilégios e que a política 'reformista' do monarca castelhano iria ao encontro dos portugueses sem 'liberdades' acolhidos sob o manto protector de Castela... Não foi portanto um movimento da burguesia mercantilista alcandorada no litoral contra os grandes senhores rurais do interior sempre propensos a Castela e aliados. Não foi portanto algum entendimento daquela mesma burguesia e nobres aliados com congéneres da Catalunha. E sendo assim, pela visão de Valladares, lá longe, bastante mais longe, também não se justificaria a remoção e desaparição do vice-rei do México de então, primo-irmão de D. João IV (Diego López Pacheco Cabrera y Bobadilla, substituido em 1642 pelo tenebroso bispo de Puebla, Juan de Palafox y Mendoza) por supeitas também de entendimento, e a repressão contra tudo o que fosse portugueses ou filho de portugueses na Nova Espanha que ficaram com a obrigação de se apresentar mensalmente perante as autoridades espanholas da colónia, quase todos, por isso mesmo, mudando os nomes dos filhos para o das terras de origem - Belmonte, Barreiro, Setúbal, Tavira... Ora suspeitam muitos e com fundamento que 1640 não ficou completo porque, para além da restauração portuguesa, envolveria uma revolta das elites do México, para além das da Catalunha. De qualquer forma, livro a ler - A Independência de Portugal - Guerra e Restauração 1640-1680 (A Esfera dos Livros Lisboa/Madrid/Barcelona). Prefácio de Joaquim Romero Magalhães, que não destoa, AQUI

Sem comentários: