[Briefing] «Nada se consegue dos grandes que não seja pago a dobrar», foi o desabafo de Rémi Belleau.
1 – UE-América Latina
2 – UE-México
3 – UE-Brasil
4 – Lisboa e diplomacia do petróleo
1 - (Os EUA intensificam agora a atenção pela América Latina, num momento em que a UE, aparentemente, remete para a presidência eslovena em 2008 a iniciativa de peso para essa área do globo...) – É verdade que o programa de 18 meses da presidência europeia acordado pela Alemanha, Portugal e Eslovénia, e aprovado pelo Conselho, prevê para apenas para o primeiro semestre de 2008 a organização da 5.ª cimeira UE/América Latina, com a expectativa de ser cometida à presidência portuguesa a tonalidade africana, designadamente com a postergada cimeira UE/África. Todavia, apesar desse protagonismo diferido para a Eslovénia, o certo é que Berlim e Lisboa assumiram o compromisso programático comum de lançar ou relançar negociações com o Mercosul com o objectivo de um Acordo de Associação, objectivo também traçado para a América Central. Como se sabe, a grande aposta dos EUA na constituição da ALCA está ferida politicamente com o papel da Venezuela, a entrada deste país no Mercosul e a forma como Buenos Aires e Brasília gerem o contexto chamado Chávez. A próxima viagem de George W. Bush, entre 8 e 14 de Março, ao Brasil (dia 9), Uruguai, Colômbia, Guatemala e México, não pode ser avaliada como dado de competição com as atenções europeias, mas interferem politicamente nos propósitos da UE. A viagem está a ser precedida com inusitada movimentação de altos funcionários norte-americanos na região – Nicholas Burns, número três do Departamento de Estado e Thomas Shannon, secretário de Estado-adjunto visitaram Brasília e Buenos Aires, enquanto a própria Condolezza Rice antecede em Brasília o Presidente dos EUA a quem Lula retribui visita com ida a Washington a 31 de Abril. Portanto, há movimentação, aparentemente sem protagonismo europeu visível na área, talvez pelo receio de pagar a dobrar.
(Quando diz protagonismo quer dizer contraponto?) – Nada disso! Não interprete as coisas dessa maneira, estes briefings não comentários de RTP! Quando dizemos protagonismo é mesmo isso – protagonismo político.
(E é necessário esse protagonismo?) – Com certeza! O programa dos 18 meses do trio deixa claro que as três presidências devem desenvolver um diálogo político específico com o Brasil e com o México.
(Específico?) – É o que está lá escrito. Consta.
2 - (E quem pode, deve ou a quem compete desenvolver esse diálogo específico? À Alemanha? A Portugal? À Eslovénia? EU-México, por exemplo...) – A 25 de Janeiro, o Presidente mexicano Felipe Calderón visitou oficialmente a Alemanha onde manteve conversações com a chanceler Angela Merkel e com o Presidente alemão, Horst Köhler. Além das relações bilaterais, a visita pouco de substantivo debitou quanto a diálogo político específico UE-México. Quanto a Portugal, não há sinais diplomáticos de alguma intensidade diplomático com esse objectivo e quanto à Eslovénia, ainda é cedo para avaliar.
3 - (E quanto a um diálogo UE-Brasil?) – Do trio, no plano estritamente político, Portugal estará bem posicionado para incrementar esse diálogo específico, mas a máquina diplomática portuguesa não tem capacidade para fazer tudo ao mesmo tempo, e já o dossier da cimeira UE-África é um imbróglio. O que não significa que não haja um milagre, porquanto, quer o Brasil quer Portugal, costumam fazer quase tudo por milagre. E como sabe, o milagre é algo que surge surpreendentemente, de surpresa...
(O que é que quer dizer com isso?) – A rigor, pretendemos dizer que á expectável que durante a presidência portuguesa possa concretizar-se mais facilmente esse passe de mágica do diálogo político específico com o Brasil do que a cimeira UE-África.
(E com o México?) – Não nos admira que isso possa ser concretizado na presidência da Eslovénia, com dedo alemão.
(Isto já não é briefing! É propaganda de milagres!) – Os comentários são seus, este briefing não é um comentário da RTP. Damos o briefing por terminado.
4 - (Desculpe, peço-lhe apenas um comentário) – Desde que seja breve, se faz favor.
(Chávez decidiu fornecer combustível com desconto aos autocarros vermelhos de Londres, com redução da despesa em 20 por cento e baixando o preço dos transportes em 50 por cento para 250 mil londrinos... Não seria uma boa solução para Lisboa?) – Chávez tem assinado contratos semelhantes com cidades de vários países, designadamente algumas americanas. Com o que você sabe, não acha que a diplomacia do petróleo aplicada a Lisboa não iria dar mais trabalho ao Procurador Geral da República?
(Seria uma comissão paga a dobrar...) – O comentário é seu, não o faça aqui, faça-o na RTP.
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