23 fevereiro 2007

[Briefing.Especial] Três Negócios Estrangeiros, Freitas e Convenção/Corrupção

[Briefing] «Se fosses grande, não precisarias de andas», era assim que o Duque de Lévis respondia aos vaidosos da política ou à política da vaidade.

1 – Três Necessidades grandes
2 – Freitas
3 – Convenção ONU contra a Corrupção

1 – (Quantos ministérios de Negócios Estrangeiros há em Portugal?) – Há três grandes e mais uns quantos pequenos. Os três grandes são o Ministério sem Negócios no Estrangeiro, o Ministério dos Negócios com Estrangeiros e o Ministério com Negócios sem Estrangeiros. São como os três reis magos ao contário - Baltazar com mirra, Belchior com incenso e Gaspar com ouro. Dos pequenos não vale a pena falar porque apenas existem durante as viagens que, por regra, não excedem dois, três dias - são ministérios-a-dias, pequenos, e sendo pequenos por acaso até nem precisam de andas.

(O ministro Luís Amado afirmou querer que tudo o que tenha a ver com política externa, em todas as vertentes, seja efectivamente coordenado pelas Necessidades. Como é isso possível com três ministérios?) – Não é possível. Mas pelo que sabemos o ministro recusa andas. Lamentavelmente, nas Necessidades há gente pequena que não segue o exemplo do ministro. E se parece alta, reparem bem, usam andas.

(Mas isto é um briefing ou uma sessão de comentários? Seja concreto!) – Respondemos às perguntas que nos são dirigidas. Quanto a sermos concretos, aguardamos pela pergunta...

(Como é que avalia a situação orçamental dos postos externos desses três ministérios?) – Como diriam, pela ordem de importância protocolar, o Ministro da Economia, o Primeiro Ministro, o Presidente da República, o Ministro das Finanças e depois os outros, aí está uma pergunta oportuna, agradeço-lhe muito ter colocado essa oportuna questão.... Os postos externos do Ministério sem Negócios no Estrangeiro estão no osso, como foi dito no seminário diplomático; os postos externos do Ministério dos Negócios com Estrangeiros apenas se confrontam com um único problema e grave – é que chegam ao final do ano orçamental com verbas, em alguns casos apreciáveis, e não sabem como gastar, pelo que, para não sofrerem penalizações no ano orçamental seguinte, desdobram-se em iniciativas daquelas que melhoram a imagem externa do Estado deixando os estrangeiros boquiabertos; quanto ao Ministério com Negócios sem Estrangeiros, os respectivos postos externos, por definição, são postos internos e tudo decorre na maior das discrições.

(E esses postos não são encerrados?) – Jamais! Se fossem encerrados seria a falência da indústria nacional de andas!

(Bonito!) – Bonito. E mudemos de assunto.

2 – (Nunca mais falou desse genial ensaio de política externa, ortopedia e diplomacia portuguesa de Freitas do Amaral. Porquê? Pressões?) – Sobre essa matéria, remetemos as respostas para briefing especial, nos próximos dias.

(Pode adiantar quais as questões em que se vai centrar) – Podemos, com certeza, não é nenhum segredo. O briefing vai centrar-se nas discorrências do ex-ministro sobre actuações de diplomatas portugueses em Luanda e em São Tomé, divagações que publicita sobre os bispos de Timor, a justificação de medidas internas que determinou para o MNE, e sobre mais uns três ou quatro pontos menores, um dos quais uma polida cunha. Bem, meus senhores, minhas senhoras, terminou este briefing, chamamos a vossa atenção para novo briefing, amanhã, sábado à tarde, sobre o que, no plano das relações internacionais, está a desenvolver-se na América Latina, designadamente no Brasil e que muito, muito pode ter a ver com uma hipótese salvadora da presidência portuguesa da União Europeia, presidência essa que não pode ser um exercício de andas.

3 - (Desculpe, só uma breve questão!) – Tem que ser mesmo breve. Muito breve.

(Obrigado. Pode comentar o facto de terem sido deputados a apresentarem um projecto de resolução para a aprovação da ratificação da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção?) – Portugal signatário da Convenção quase da primeira hora e, na verdade, é lamentável que o MNE e o Governo não tenham tomado a iniciativa do procedimento para a ratificação. O tempo adequado para essa iniciativa das Necessidades foi o dos quinze meses de Freitas do Amaral no Ministério mas como ele não escreveu sobre o que deveria ter feito e não fez, aguardemos pelo volume de Luís Amado, supostamente a ser intitulado «Trinta e Dois Meses no Ministério sem Negócios no Estrangeiro». Boa Noite a todos, até amanhã.

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