A PAU COM A ESCRITA
Fernanda Leitão
Para já, apontam-se dois pontos a favor de António Braga, secretário de Estado das Comunidades, na sua recente visita a Toronto: ouviu mais do que falou e fez-se acompanhar de um embaixador irrepreensível, que é igualmente um homem de honra e de bem, José Manuel da Costa Arsénio. Regista-se, igualmente, que não fez promessas desparatadas, como é costume por parte dos políticos que nos visitam.
A reunião com professores portugueses do ensino público e dos que constituem as escolas privadas portuguesas, decorreu com urbanidade e amplo esclarecimento acerca dos múltiplos factores a ter em conta pelo estado português quando quiser, e puder, reformular o actual estado de coisas. Não houve espinhos e até mesmo um representante do ensino público católico divertiu os circunstantes ao ventilar que os italianos da administração escolar estavam dispostos a receber um tanto por aluno luso descendente... Calhando, perdeu-se uma vocação de leiloeiro.
O importante foi o governante ter-se comprometido a estudar a realidade escolar no Canadá. Quanto à existência do Instituto Camões, falou em “refundação”, o que parece ser uma boa ideia para um organismo que tem sido um verdadeiro parasita dos dinheiros públicos, sem que haja contrapartida séria em termos de difusão da Língua e Cultura. Pelo menos, a avaliar pelo que tem havido cá por Toronto.
Tanto quanto pude perceber, António Braga vinha especialmente dirigido à diplomacia económica. Se foi assim, os seus contactos com o primeiro-ministro e outros ministros da província do Ontário, foram muito cordiais.
E, ainda na linha do que Portugal deseja exportar, a sua grande noite foi certamente na Federação dos Homens de Negócios, onde terá tido ocasião de se entender com empresários e importadores portugueses, alguns deles com ligações ao tecido económico canadiano.
Como não houve consulados encerrados por estas bandas, não houve crise. E a novela dos consulados honorários inventados pelo José Cesário, já lá vai. O balão esvaziou-se de vez quando o bispo de London soube que um padre português, paroquiando nessa cidade, se passou de cabeça depois de ser nomeado cônsul honorário, a ponto de ter instalado a delegação local do PSD na igreja. Por isso e por causa de uma brasileira atrevida que andou a difamar o pároco, o bispo recambiou-o para o interior, para o mato, a ver se ganha juízo. Está tudo calmo. José Cesário pode cá vir sem medo que lhe aconteça o desastre facial que teve em Bruxelas há pouco tempo...
Em termos gerais, a visita de António Braga a Toronto foi serena. Nem mais se poderia esperar de um membro de um governo a braços com uma contenção geral de dinheiros públicos. Não havendo nada de material para dar, ao menos que haja bons modos, boa educação.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
13 fevereiro 2007
Carta do Canadá. Fernanda Leitão. António Braga fala de «refundação» do Camões
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