13 fevereiro 2007

Carta do Canadá. Fernanda Leitão. António Braga fala de «refundação» do Camões

A PAU COM A ESCRITA

Fernanda Leitão

Para já, apontam-se dois pontos a favor de António Braga, secretário de Estado das Comunidades, na sua recente visita a Toronto: ouviu mais do que falou e fez-se acompanhar de um embaixador irrepreensível, que é igualmente um homem de honra e de bem, José Manuel da Costa Arsénio. Regista-se, igualmente, que não fez promessas desparatadas, como é costume por parte dos políticos que nos visitam.

A reunião com professores portugueses do ensino público e dos que constituem as escolas privadas portuguesas, decorreu com urbanidade e amplo esclarecimento acerca dos múltiplos factores a ter em conta pelo estado português quando quiser, e puder, reformular o actual estado de coisas. Não houve espinhos e até mesmo um representante do ensino público católico divertiu os circunstantes ao ventilar que os italianos da administração escolar estavam dispostos a receber um tanto por aluno luso descendente... Calhando, perdeu-se uma vocação de leiloeiro.

O importante foi o governante ter-se comprometido a estudar a realidade escolar no Canadá. Quanto à existência do Instituto Camões, falou em “refundação”, o que parece ser uma boa ideia para um organismo que tem sido um verdadeiro parasita dos dinheiros públicos, sem que haja contrapartida séria em termos de difusão da Língua e Cultura. Pelo menos, a avaliar pelo que tem havido cá por Toronto.

Tanto quanto pude perceber, António Braga vinha especialmente dirigido à diplomacia económica. Se foi assim, os seus contactos com o primeiro-ministro e outros ministros da província do Ontário, foram muito cordiais.

E, ainda na linha do que Portugal deseja exportar, a sua grande noite foi certamente na Federação dos Homens de Negócios, onde terá tido ocasião de se entender com empresários e importadores portugueses, alguns deles com ligações ao tecido económico canadiano.

Como não houve consulados encerrados por estas bandas, não houve crise. E a novela dos consulados honorários inventados pelo José Cesário, já lá vai. O balão esvaziou-se de vez quando o bispo de London soube que um padre português, paroquiando nessa cidade, se passou de cabeça depois de ser nomeado cônsul honorário, a ponto de ter instalado a delegação local do PSD na igreja. Por isso e por causa de uma brasileira atrevida que andou a difamar o pároco, o bispo recambiou-o para o interior, para o mato, a ver se ganha juízo. Está tudo calmo. José Cesário pode cá vir sem medo que lhe aconteça o desastre facial que teve em Bruxelas há pouco tempo...

Em termos gerais, a visita de António Braga a Toronto foi serena. Nem mais se poderia esperar de um membro de um governo a braços com uma contenção geral de dinheiros públicos. Não havendo nada de material para dar, ao menos que haja bons modos, boa educação.

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