«Naquela reunião dos chamados Amigos do Tratado Constitucional que se realizou em Madrid , no final de Janeiro, Portugal participou com a Irlanda , ao lado dos outros 16 paises que aprovaram o Tratado no respectivo Parlamento, e dos dois que o fizeram por referendo - Espanha e Luxemburgo.
«A Espanha quer fazer avançar o Tratado porque beneficia em representação no Parlamento Europeu e, sobretudo, em votos no Conselho.
«A Alemanha fez-se representar pelo seu EMBAIXADOR EM MADRID PARA MOSTRAR DESAGRADO POR ESTE TIPO DE REUNIÕES, pelo que A REUNIÃO SEGUINTE PREVISTA PARA O LUXEMBURGO JÁ NÃO SE VAI REALIZAR!
«O grande risco deste tipo de reuniões é que se estabeleça um mini-tratado . Há neste grupo países que só pretendem a alteração do equilíbrio de poder que existe ainda no Tratado de Nice, mas que os grandes países querem reverter em seu favor. E qual é nesse caso a posição que Portugal vai ter?
«Ameaçamos com o bloqueio das negociações? Todos os outros países se iam rir de nós!
«Podem dizer que há países da nossa dimensão e com a mesma representação no Conselho que estão igualmente envolvidos neste exercício de busca de alternativas ao Tratado, mas, ou são dos 12 que entraram mais recentemente ou são tolos! A Portugal interessa manter o Tratado de Nice. Este Tratado pode permitir todos os arranjos para que a União seja mais eficaz no seu trabalho, desde que o queira a Comissão e os Estados Membros. Não se justifica dar mais poder ao Parlamento Europeu, em que nenhum comum mortal europeu se considera representado - basta ver a taxa de participação nas eleições. O que não está previsto em Nice e está neste Tratado Constitucional são coisas que não interessam a Portugal, como a figura do «Ministro Europeu dos Negócios Estrangeiros» e outras espartilhos à liberdade de manifestação da nossa vontade nacional.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
07 fevereiro 2007
Dos Notadores. Amigos do Tratado. Portugal deixou-se enredar
Do Notador A. S.:
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