13 fevereiro 2007

Dos Notadores. Consulados, quo vadis António Braga?

Do Notador Ptolomeu de Arriaga

A reestruturação consular:
quo vadis António Braga?


Percebe-se o motivo - poupar. Sorri-se com a nuvem de consulados honorários. Mas não se entende a falta de sensibilidade política - extinguir Hamilton, Nova Iorque e Windhoek...

Em matéria de "dois pesos e duas medidas" há propostas que deviam ser explicadas, ver-se-á que respostas poderão ser dadas.

Mas há uma pergunta incontornável: que critérios presidem à criação de escritórios longe do posto-mãe, se, para estes casos, a Convenção de Viena prevê poderem ser criados vice-consulados e/ou agências consulares ?

Parece-nos que, com os erros cometidos, António Braga ganhou uma série de guerras, das quais dificilmente resultarão vencedores. Vejamos: o PSD pode até sentir-se em posição cómoda para criticar porque, tendo fechado 5 serviços, também é verdade que ainda criou 3 - em Manchester, na Córsega e em Xangai. Contudo, é difícil de sustentar, como fazem os opositores ao projecto - dos partidos ao conselho das comunidades - uma recusa em bloco de todo o plano de reestruturação. E será que o próprio Sindicato dos Trabalhadores Consulares ganhará alguma coisa em apresentar críticas mais diferenciadas, mostrando compreensão para alguns encerramentos, em função da sua avaliação dos prejuízos relativos?

É bem provável que os recuos de António Braga resultem da força política ou oposição dos interesses locais - legítimos e compreensíveis, mas pontuais - e não da maior ou menor razoabilidade das extinções preconizadas. Repare-se no empenho dos Açores relativamente a New Bedford em comparação com o (quase) silêncio sobre as Bermudas.

Ora da manutenção, no essencial, do projecto apresentado, resultará que:
- Portugal perde porque fica mais desguarnecido, sobretudo em Espanha.
- muitos emigrantes perdem - e podem perder-se para Portugal - porque o seu consulado deixa de estar perto e passa para longe.
- os opositores ao projecto em bloco perdem credibilidade, por muito que possam ficar contentes consigo próprios.
- a carreira diplomática perde uma série de bons lugares onde podia reinar tranquilamente.
- o STCDE perde porque o seu esforço de razoabilidade foi ignorado.
- a presidência da União Europeia abrirá negativamente com os rescaldos das lutas que ainda aí vêm.
- António Braga perde porque vai recuar sem critérios defensáveis e sofrer as consequências do aumento do descontentamento no barril de pólvora parisiense, o que poderá prejudicar a sua carreira política.

Ganham apenas alguns interesses locais, provavelmente muito pouco significativos no cômputo geral.

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