01 fevereiro 2007

Ministro Pinho foi sincero. Falou aos chineses da sua própria experiência e não disse tudo

Grande figura. Naturalmente que o ministro Manuel Pinho, num passe de mágica próprio da diplomacia económica que só dá pinhões, ao incitar os chineses a investirem em Portugal por causa dos baixos salários portugueses em relação ao resto da UE, estava com certeza a falar da sua própria experiência remuneratória – a essa hora, o presidente Hu Jin Tao e o homólogo de Pinho estariam a ouvir o mesmo ou parecido em África. E foi pena não ter divulgado aos chineses que os desempregados em Portugal estão já sujeitos à liberdade condicional com a apresentação quinzenal obrigatória, substituindo-se assim o uso da pulseira electrónica, expediente esse que levantaria um pequeno mas incómodo problema de direitos humanos na UE. Desconhecemos se os empresários chineses que ouviram Pinho são dos que exploram o trabalho prisional, mas para esses esta nossa nova e pinífera diplomacia económica também poderia abrir expectativas.

Pelas palavras

Pinho chamou à atenção dos empresários chineses para o facto de Portugal ter «custos salariais mais baixos que a média da União Europeia» e de haver «uma menor pressão para o aumento destes custos em relação aos países que recentemente entraram na União».

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