09 março 2007

Conselho Diplomático. À procura da grelha de selecção

Esteve reunido o Conselho Diplomático, órgão do MNE que tem a competência de estabelecer a lista de promoções a ministro plenipotenciário. Há apenas cinco vagas para o elenco dos que podem chefiar missões diplomáticas com a palavra mítica de embaixador/embaixadora sobre os ombros.


O Elixir das Promoções. É este um dos casos em que quem delibera ou pressiona (pressionar é sinónimo quase sempre de emitir parecer ou estabelecer listas), quanto mais se sentir escrutinado, tanto menos porá a transparência em crise. Nas promoções de conselheiro de embaixada a ministro plenipotenciário, a transparência, o rigor e por vezes a seriedade não têm sido apanágio nem motivo de lisonja.

São vários os interesses identificados nas tentativas de distorção de critérios para «formatar um potencial embaixador». Há, como é óbvio, interesses partidários mais ou menos disfarçados, há interesses de grupos difusos que funcionam com o regulamento tácito das protecções recíprocas, há também os interesses meramente gentílicos na raiz quadrada das influências pessoais.

Que critérios, então, para estabelecer a lista ?

Naturalmente que o Conselho Diplomático não pode fugir a três parâmetros: o mérito, a experiência e a antiguidade. Mas qualquer destes parâmetros cai pela base se o conselheiro candidato ao grau de ministro plenipotenciário não possuir aquela qualidade que é essencial ao diplomata – o bom-senso.

Mal se estaria se as promoções a esse grau decisivo da carreira assentassem única ou fortemente no critério de antiguidade. Mas há que ter em conta também este critério, em relativamente baixa dose, associado aos restantes critérios e junto aos quais deve funcionar como o sal para a massa do pão. A pitada basta, mas tem que haver pitada, para que não haja pintos a fazer de galo – seria uma tragédia na capoeira.

E promover mais por mérito, menos por experiência é andar em areia movediça. O que é o mérito? É a capacidade intelectual? É a qualificação profissional? Ou será meramente ter-se sido andarilho de gabinete em gabinete governamental como cabeça de alfinete? Aqui é que bate o ponto, e de uma vez por todas o Conselho Diplomático tem que tornar claro o que entende por mérito, até porque o incompetente, para ser um incompetente de gabarito tem que ter mérito – paradoxalmente, se não tivesse mérito, não chegaria a incompetente. Nas Necessidades, o yes men é o exemplo acabado do incompetente com mérito. E vai-se fazer disto um embaixador?

Haja bom-senso. E também bom-gosto. Os traços de união são adequados.

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