26 abril 2007

Como o BID apresenta o discurso presidencial

    O Boletim de Informação Diplomática apresenta hoje o discurso do Presidenta da República, assim mesmo, sem tirar nem pôr, servindo-se da "leitura DN":
CAVACO SILVA QUER REFORMAS DE FUNDO ESTE ANO - Cavaco Silva voltou ontem a um tema que já tinha abordado na mensagem de Ano Novo – lê-se no DN. A necessidade de as reformas estruturais avançarem o mais cedo possível. "É tempo de actuar. Vivemos um ano decisivo para realizar reformas de fundo em domínios essenciais da nossa vida colectiva. O futuro não pode ser adiado", disse.

Esta foi uma das ideias mais fortes do discurso de Cavaco Silva, ontem na Assembleia da República, na sessão comemorativa dos 33 anos do 25 de Abril. Cavaco Silva utilizou também várias vezes aquela que foi uma das suas frases-chave durante a campanha eleitoral, há mais de um ano: "Quero dirigir-me directamente às novas gerações e fazer-lhes um apelo - não se resignem"; "não me resigno nem me conformo na batalha pela qualidade da democracia". O Presidente da República dedicou grande parte do discurso aos jovens e à proposta de renovar as comemorações do 25 de Abril: "Preocupo-me sobretudo com os mais jovens, aqueles que nasceram depois de 1974. O que dirá este cerimonial às gerações mais novas?"
    Toda a gente sabe que Cavaco Silva não disse só isto, nem apenas isto que o BID dá conta: disse muito mais do que isto, independentemente de se concordar ou não com ele. Disse, por exemplo, o que o BID ostensivamente omitiu, ainda que a coberto da "leitura DN", sobre o escrutínio dos poderes, sobre a qualidade da democracia, sobre a clareza e a transparência. Mas o que de todo não se compreende é que lá por Cavaco ter afirmado que «Vivemos um ano decisivo para realizar reformas de fundo» conclua o BID que «Cavaco Silva quer reformas de fundo este ano»... Até poderá querer, mas não disse nada disso.

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