Agora, Vital Moreira, nada diz? A nova orgânica do Fundo para as Relações Internacionais (FRI), que entra em vigor a 1 de Maio, por entre cinco atribuições, consta a de "comparticipar em acções de natureza social promovidas por entidades de natureza associativa visando o apoio aos agentes das relações internacionais".
Naturalmente que, sendo as receitas próprias do FRI, na grande tranche, proveninentes dos emolumentos consulares cobrados nos serviços externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não se contesta à partida que aquele fundo tenha por missão apoiar acções especiais de política externa, projectos de formação no âmbito da política de relações internacionais, a modernização dos serviços externos do MNE, acções de natureza social de apoio a agentes de relações internacionais e actividades destinadas às comunidades portuguesas. E por isso se aceita que nas suas atribuições caiba apoiar as acções de modernização dos serviços externos; enfim, satisfazer os encargos ocasionados por acções extraordinárias de política externa; e, com com algum sacrifício de entendimento, apoiar as acções de formação e conceder subsídios e bolsas a entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, no âmbito da política definida em matéria de relações internacionais, ou ainda apoiar actividades de natureza social, cultural, económica e comercial, designadamente as destinadas às comunidades portuguesas, promovidas por entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, no quadro das diversas vertentes da política externa portuguesa. Para toda esta literatura de justificativos, tal como consta na revisão de intenções que a folha oficial volta a consagrar, apenas faltaria ou faltará a garantia de escrutínio por parte de adequada e independente autoridade do Estado relativamente à aplicação das verbas e aos critérios seguidos para canalizar dinheiros, afinal públicos e de proviniência nada difusa.
Mas, num momento em que se extinguem regimes especiais de segurança social e caixas de previdência relativamente autónomas a pretexto de «luta contra o corporativismo», já custa aceitar que os emolumentos consulares se destinem a "comparticipar em acções de natureza social promovidas por entidades de natureza associativa visandoo apoio aos agentes das relações internacionais", ou, por outras palavras, a Associação Mutualista Diplomática Portuguesa (MUDIP) porque é desta entidade que se trata e é esta entidade que absorve um montante apreciável do fundo.
Então, Vital Moreira, a reboque de Correia da Cunha e de Vieira da Silva, tanto trabalho contra a Caixa de Previdência dos Jornalistas nenhum dos quais, sendo alguns milhares, beneficia de abonos e que, descontada a elite das vozes do dono, se a alguma corporação pertencem, na sua larga maioria, é à da desgraça calada, do recibo verde engolido, da precariedade e de doenças profissionais não elencadas, agora nada diz a propósito de meio milhar de diplomatas, nem sendo tantos os que beneficiam da MUDIP e dos emolumentos que jamais foram a canoira de jornalistas contra os quais se ergueu como se estes fossem a excepção sediciosa contra a igualdade?
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