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Naturalmente que, sendo as receitas próprias do FRI, na grande tranche, proveninentes dos emolumentos consulares cobrados nos serviços externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não se contesta à partida que aquele fundo tenha por missão apoiar acções especiais de política externa, projectos de formação no âmbito da política de relações internacionais, a modernização dos serviços externos do MNE, acções de natureza social de apoio a agentes de relações internacionais e actividades destinadas às comunidades portuguesas. E por isso se aceita que nas suas atribuições caiba apoiar as acções de modernização dos serviços externos; enfim, satisfazer os encargos ocasionados por acções extraordinárias de política externa; e, com com algum sacrifício de entendimento, apoiar as acções de formação e conceder subsídios e bolsas a entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, no âmbito da política definida em matéria de relações internacionais, ou ainda apoiar actividades de natureza social, cultural, económica e comercial, designadamente as destinadas às comunidades portuguesas, promovidas por entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, no quadro das diversas vertentes da política externa portuguesa. Para toda esta literatura de justificativos, tal como consta na revisão de intenções que a folha oficial volta a consagrar, apenas faltaria ou faltará a garantia de escrutínio por parte de adequada e independente autoridade do Estado relativamente à aplicação das verbas e aos critérios seguidos para canalizar dinheiros, afinal públicos e de proviniência nada difusa.
Mas, num momento em que se extinguem regimes especiais de segurança social e caixas de previdência relativamente autónomas a pretexto de «luta contra o corporativismo», já custa aceitar que os emolumentos consulares se destinem a "comparticipar em acções de natureza social promovidas por entidades de natureza associativa visandoo apoio aos agentes das relações internacionais", ou, por outras palavras, a Associação Mutualista Diplomática Portuguesa (MUDIP) porque é desta entidade que se trata e é esta entidade que absorve um montante apreciável do fundo.
Então, Vital Moreira, a reboque de Correia da Cunha e de Vieira da Silva, tanto trabalho contra a Caixa de Previdência dos Jornalistas nenhum dos quais, sendo alguns milhares, beneficia de abonos e que, descontada a elite das vozes do dono, se a alguma corporação pertencem, na sua larga maioria, é à da desgraça calada, do recibo verde engolido, da precariedade e de doenças profissionais não elencadas, agora nada diz a propósito de meio milhar de diplomatas, nem sendo tantos os que beneficiam da MUDIP e dos emolumentos que jamais foram a canoira de jornalistas contra os quais se ergueu como se estes fossem a excepção sediciosa contra a igualdade?
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