09 abril 2007

Múmia Paralítica. Recordam-se?

Múmias de estado. É que às vezes, quando se questiona a política externa portuguesa fora dos canais da voz do dono, quando se escrutina a acção diplomática à margem dos entendimentos de corredor, e quando se põe em causa procedimentos e omissões causando desgosto aos gabinetes, parece que se está perante alguma Múmia Paralítica. Recordam-se?

Ora, importa dizer que conhecemos de há muito diversos géneros, categorias e graus de múmias paralíticas portuguesas, sobretudo as que se enfaixam ou se deixam enfaixar nos misteriosos túmulos do poder, em silenciosa conivência com os deuses que escolhem e com que partilham esses esconderijos. Sabemos que tais múmias têm vida própria, e que, por paradoxo, desenvolvem uma intensíssima actividade sob aquela enganosa paralisia - na verdade apenas as múmias, porque são múmias, conhecem os mínimos pormenores do esconderijo de uma eternidade que até julgam não ser efémera como efémera é a vida dos vivos, e além disso, só elas, as múmias, sabem decifrar os labirintos de acesso através dos quais quem não seja ou não queira ser paralítico, se perde pela certa. Tem muito a ver com a nossa política externa, com a nossa diplomacia e com as Razões das múmias de estado.

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